sábado, 30 de junho de 2012

Um Presidente ao crava

Todos sabemos, nas famílias, nas empresas, nas associações e nos Municípios, que os tempos estão difíceis e que muito do que gostaríamos de fazer terá de ser adiado para melhores tempos, porque o dinheiro não abunda. Muitas empresas do Ribatejo têm sido exemplo de esforço e empenho, especialmente na vertente da internacionalização, alavancando o nosso sector exportador, essencial para melhorarmos o crescimento económico do País e com isso aumentar o emprego.
A Presidência da República decidiu assim fazer um périplo por alguns destes exemplos no Ribatejo, e realizar uma visita nos próximos dias 6 e 7 de Julho a algumas empresas. Assume desse modo a projeção do grande desígnio promovido pelo anterior governo socialista, felizmente não abandonado, de aumentar a competitividade, favorecendo as exportações, com especial ênfase nos mercados extra-comunitários.
Mas esta visita está ensombrada pelo recente episódio de que os vereadores da Câmara de Tomar foram informados numa última reunião: A Presidência tem a intenção de usar o Convento de Cristo como palco para um balanço no final da visita. Nada contra. O Convento de Cristo é propriedade do Estado e a Presidência tem todo o direito de dispor deste para a sua atividade constitucional. O que a Presidência já não tem o direito, como o fez através do seu assessor David Justino, segundo o que o Presidente da Câmara de Tomar informou, é de pedir que seja o Município de Tomar a pagar o almoço de toda a comitiva.
A Presidência da República Portuguesa custa, a todos nós, 16 milhões de euros por ano, mais do que custa ao estado espanhol a respetiva casa real (3,5 milhões), apesar desta representar um dos poucos fatores de unidade do respetivo País. Acaso, quando recebe dignatários estrangeiros e os leva a visitar o Mosteiro dos Jerónimos, a Presidência pede ao Município de Lisboa para lhes pagar o Almoço? Claro que não. Então porque o quer fazer em Tomar?
Uma Presidência que gasta mais de 44.000€ por dia, segundo o orçamento em vigor, ter a lata de vir cravar o almoço a um Município é lamentável.
Luís Ferreira
(vereador do PS em Tomar)

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