«É urgente que a sociedade valorize e que os decisores políticos,
económicos e culturais reconheçam e favoreçam o papel insubstituível dos avós».
Esta é uma das muitas conclusões da palestra “Avós e Netos – hoje, que
desafios”, promovida ontem pela Associação Famílias, na Junta de S. Vítor, para
assinalar o Dia dos Avós. Os especialistas abordaram, entre outras questões, as
diferentes formas de ser avô, nos dias de hoje, e o papel social imprescindível
que esta figura ocupa na sociedade.
Coube ao investigador da Escola de Psicologia da Universidade do Minho
(UMinho), José Ferreira Alves, lançar o mote para a conversa, apresentando
cinco formas diferentes de se ser avô.
O avô formal (aquele que procura cumprir o que é esperado dele, que não
interfere muito na educação do neto, mas fica disponível para intervir quando é
solicitado); o avô divertido (uma pessoa muito sábia, que valoriza os momentos de lazer e de diversão com os
netos); o pai substituto (porque os pais falecem, têm problemas de saúde física
ou mental, ou porque a família é muito disfuncional); o reservatório da
sabedoria familiar (o patriarca e chefe da família, que controla todos os
membros) e o distante (que tem contactos pouco frequentes com o neto, ou porque
vive longe, ou porque trabalha ou está envolvido em atividades várias).
O investigador alertou para o facto de estas diferentes formas de ser
avô não serem as mesmas para mulheres e para homens, podendo variar consoante a
idade do neto e a fase da vida do avô.
Defendendo que estas formas de ser avô, resultam frequentemente de
tradições familiares, José Ferreira Alves, sublinhou que não existem formas
corretas ou erradas de ser avô. «O facto é que a função de avô é importante
para a pessoa idosa e tem de ser valorizada», referiu.
De acordo com o investigador, o avô enquanto elemento familiar que toma conta
da criança quando os pais trabalham, ou que é um mediador privilegiado de
conflitos entre pais e filhos, transmitindo sabedoria familiar, começa hoje a
ser valorizado, mas há ainda um longo caminho a percorrer.
O presidente da Associação Famílias, Carlos Aguiar Gomes, referiu-se ainda
aos avós como a «memória e as raízes da família, que ajudam a ancorar as novas
gerações» e como «refúgio dos netos, que ali encontram estabilidade emocional».
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