O que desencadeia as energias e os recursos anímicos
que vamos tendo para alimentar o nosso quotidiano, enrodilhado em
acontecimentos e pejado de preocupações são os motivos nem sempre bons nem
sempre maus, mas possíveis de ser evocados em frente de amigos e conhecidos ou
a motivação consciente, que nos permite grandes e pequenas batalhas, travadas
em direcção a objectivos elegíveis, que por isso mesmo, podem ser ditos em voz
alta.
Na motivação começamos sempre por um impulso interno,
aquela coisa de sobrevivência, que é capaz de nos levar à satisfação de
necessidades muito, muito “grosseiras”, para seguirmos em frente, expandindo a
ideia, ainda mais, até chegarmos à atracção ou aos patamares de conforto e
exigência, que levam em conta as preferências individuais. Chegamos, assim, ao
momento de afirmação pessoal, descobrindo com ele, que gostamos de ganhar
dinheiro, que gostamos de comprar coisas bonitas e sentir a segurança que os
“pés-de-meia” nos proporcionam, que gostamos de sermos importantes ou famosos,
pagando muitas das vezes para sermos cumprimentados com deferência, que
gostamos, felizmente apenas para alguns, do controlo mais ou menos sofisticado
e perverso de “dar cartas” e viver das emoções dos outros, sentindo-nos com
isso, no centro de um “mundozinho” limitado mas simultaneamente embriagante,
que gostamos de nos apaixonar em cada enamoramento, tecendo para isso
complicadas atitudes sedutoras que até nos levam a escrever um livro, uma
música ou um poema, na dor da festa ou da despedida, que gostamos que conversem
connosco e nos convidem para uma festa e até nos convenção da nossa
popularidade, enfim gostamos de uma forma plural e igualmente legítima.
O desconfortável de todo este movimento humano não é
o reconhecer nestes motivos apresentados ou noutros igualmente verdadeiros
simpatia, incompatibilidade ou discórdia, mas sim perceber que o sistema de
compensação ou o sistema que alimenta estes movimentos, não é nem assumido, nem
claro, e isso acontece quando o que nos move nos escapa à consciência, surgindo
desse resultado prioridades circunstanciais pouco íntimas, que nos levam a não
reconhecer o mérito, o nosso mérito.
Sílvia Oliveira
Deputada Municipal pelo PPM na Assembleia Municipal
de Braga
Jornal "Diário do Minho" de 6 de Outubro, pág. 20
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