Drº Reis Torgal com S.A.R. a Senhora Dona Isabel de Bragança
2.ª Carta Aberta ao Senhor 1.º Ministro, com Cópia directa ao Senhor
Ministro das Finanças, ao Venerando Chefe Estado e Líderes Parlamentares dos
Partidos com assento na Assembleia da República e, hoje, ao Senhor Presidente do
Tribunal Constitucional.
Em tempo, em Carta
Aberta , indignei-me pelo ROUBO que V.ª Ex.ª ordenou da
poupança para a Reforma, que confiei ao Estado, que, como pessoa de bem que se
pressupõe ter de ser, sempre a respeitou. V.ª Ex.ª, vivendo e colhendo das JJ,
faltou ao respeito ao trabalho e à Constituição, que me garantia ter de ser V.ª
Ex.ª, como Governo, pessoa de Bem. Não foi. Não é. Fiel depositário, meteu mão
no alheio, coisa que só o desgoverno do “Zé que fugiu” ousara fazer, roubando
menos. Obviando o “não leio jornais”, foi em Correio. Designei-a A
Arte de Furtar, preterindo “…e os 40 ladrões” por irem muito além os contados.
Uso hoje, aportuguesado, “El síndrome de
Alí Babá De cómo corruptos y sinvergüenzas acaban yéndose de rositas” de M.ª
Ángeles López de Celis. Revela as “quadrilhas que com a maior desvergonha e
impunidade andam há anos a esta parte comprometendo a honra da Nação.” Na
Carta, acrescia que V.ª Ex.ª cometera a vil indignidade de roubar o Sonho e o
Viver presente e futuro a um “velho” de 80 anos.
V.ª Ex.ª, com a habitual sobranceria, caso dela não fez, pois, como diz
um Amigo, nem aonde Cabrone mandou os Ingleses V.ª Ex.ª me mandou. Aliás, o
proceder de V,ª Ex,ª foi lamentavelmente imitado pelos demais com a excepção de
Os Verdes e do Bloco. Do venerando Chefe de Estado não esperava outra coisa.
Sem o nível da saudosa Ivone Silva, vai no preto do nunca me comprometo. Do CDS,
onde pensei mitigar o absolutismo de V.ª Ex.ª, nicles também. PSD, claro, nem
novas nem mandados. Do PS nada, comprometido que está com o estado a que isto
chegou. Não tem força moral. Sem repudiar os desmandos do Governo socretino,
carece de legitimidade e credibilidade. Do PCP não esperava o silêncio. Quanto
a V.ª Ex.ª, entendo a cabroneana economia. V.ª Ex.ª precisava de Toda ela para
mandar os Portugueses no discurso com que vilmente os insultou. Vejo hoje que
com perverso calculismo.
V.ª Ex.ª anunciou uma TSU paga pelos trabalhadores. Sabia que o país e
os empresários “ignorantes” rejeitá-la-iam. Capeava assim um pseudo recuo e o
aumento brutal de impostos, que tinha na manga. A plástica desintervenção do
Chefe de Estado permite-o, tal como a cumplicidade do CDS, Partido do
Contribuinte, ao arrepio da garantia de não mais impostos, como se lê na Carta
ao Militante com que um, fiel, procurou sossegar a minha inquietação. A passividade
inquieta, mas incapaz, dos partidos da oposição, onde o PS não cabe, pelas
razões apontadas, não leva a nada. Ultrajando o POVO, V.ª Ex.ª foi colher
autorização e só depois o confrontou com novo desmando. Com o novo IRS, sobretaxas
antecipadas e roubo ilegal dos depósitos que os Reformados e Pensionistas lhe
haviam confiado (Não será crime inconstitucional, que roubo é, Senhores Juízes
do Tribunal Supremo?) V.ª Ex.ª arrasa mais ainda o que restava do Sonho dos
“velhos”, agora pesadelos. Tudo ao invés das promessas eleitorais, pelo que o governo
não tem a legitimidade que a Deputada Teresa, eco de V.ª Ex.ª, evoca, conjugada
com a ridiculez a despropósito do Muro de Berlim. Os factos, que lembro, Senhora
Deputada e Senhor Primeiro Ministro, falam por si em palavras Vossas : “Não podemos aumentar esta receita aumentando
mais os impostos, porque de cada vez que tivemos um problema de finanças
públicas em Portugal, a receita foi sempre a de pôr as famílias e as empresas a
pagar mais impostos. Não faz sentido estar a pedir às pessoas, às famílias portuguesas,
para pagarem mais a crise, enquanto o Estado atribui milhões aos gestores
públicos.” V.ª Ex.ª, longe de Portugal, em Malta, tentou torpe imitação do
Discurso de Salazar, na Sala do Risco: “Sei o que quero e para onde vou!”.
Virando-se para a malta, pôs ênfase no plural majestático e atirou: “Nós
sabemos para onde vamos”. Nós também sabemos que V.ª Ex.ª sabe que nós sabemos
(lembra-se, Dr. Paulo Portas?) que V.ª Ex.ª, incapaz de parar o desemprego
(pelo menos mais 40 mil sem trabalho), melhorar a Saúde (dezenas passando a
noite à porta dos Centros de Saúde para não serem atendidos) e a Educação (professores
lançados no desemprego, interior desertificado, sem Escolas, para satisfazer
vaidades em anti-pedagógico mega-Centros Escolares), desinvestindo na Segurança
(nem mais um – para as forças policiais), desacreditando a Justiça para fazer
vingar as ideias da Ministra, desertificando ainda mais o interior; promovendo
a recessão, pelo sem dinheiro das gentes e um estúpido IVA de 23 % nos
Restaurantes e similares e portagens nas SCUT, já atingiu o objectivo. Fez de
PORTUGAL, País pobre, um país de POBRES! Pobre país! Pobres de nós!
Fraternalmente
Gonçalo Reis Torgal
Jornal "Diário do Minho" de 12 de Outubro, pág. 20
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