Essa carta assinada por estes cinco ministros homólogos (que
provavelmente se tratam uns aos outros por tu) é cheia de boas intenções.
Porém, não devem os ministros esquecer que de boas intenções está cheio
determinado local, para onde certamente ninguém quer ir...
A questão que se coloca é saber qual o preço que a Europa está
disposta a pagar para conseguir a reindustrialização que o Álvaro (foi ele que
pediu para o tratarem assim) e seus amigos vieram apregoar.
Como pode o debilitado tecido industrial europeu tornar-se novamente competitivo
à escala mundial?
No actual contexto dos acordos mundiais do comércio, só há duas vias:
1.ª: Os nosso "crânios" europeus desatam a inventar um sem
número de produtos inovadores, suficientemente atractivos para os consumidores
a nível global, e que ao mesmo tempo não possam ser imitados pelas indústrias
dos países emergentes.
2.ª: A outra via é aplicar as regras industriais dos países
emergentes, isto é: abolir o estado social; reduzir drasticamente os salários e
aumentar os períodos laborais para níveis a roçar a escravatura; revogar toda a
legislação existente em relação a direitos laborais, higiene e segurança no
trabalho; despenalizar o trabalho infantil; suspender toda a regulamentação
ambiental existente na união, permitindo às indústrias poluir como e quanto
lhes aprouver.
Portanto, ou os líderes europeus têm coragem de afrontar as convenções
mundiais do comércio e reconhecer que estas não são igualitárias para todas as
nações do mundo, uma vez que um mercado justo pressupõe a não existência de
concorrência desleal, exigindo que as indústrias em competição no mesmo mercado
obedeçam às mesma regras; ou então esta carta cheia de boas intenções irá parar
ao mesmo caixote do lixo que as restantes "balelas" resultantes dos
sucessivos conselhos europeus e cimeiras que se têm realizado nos últimos
tempos.
A Europa necessita de se reindustrializar? Sim, é um facto evidente. Mas
para mantermos os padrões de vida que são direitos inalienáveis das
sociedades europeias modernas, temos que voltar atrás e reconsiderar a
imposição de medidas proteccionistas, com todo o mal que daí possa advir.
Aqui trata-se de uma necessidade de sobrevivência, onde muitas
vezes os fins justificam os meios.
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