A suspensão
do 1.º de Dezembro começou a ser falada há um ano, por proposta do Governo, que
apresentou uma lista de quatro feriados (dois civis e dois religiosos) que
tencionava eliminar, para aumentar a produtividade.
A proposta
governamental criou uma onda de protestos. Historiadores e académicos
subscreveram um documento, classificando de "evidente demagogia" a
ligação entre dias de trabalho e produtividade.
Várias
personalidades, entre as quais se destacou o deputado José Ribeiro e Castro,
criticaram a opção de apagar "o mais importante feriado nacional",
que assinala o dia em que se iniciou uma revolta contra o domínio espanhol.
A Sociedade
Histórica da Independência de Portugal considerou o anúncio da extinção do
feriado como "um murro ao patriotismo", e um outro grupo, do qual faz
parte Ribeiro e Castro, criou o Movimento 1.º de Dezembro, com o principal
intuito de restaurar o feriado nacional
Enquanto
deputado do CDS-PP na Assembleia da República, o responsável do movimento votou
contra o Código do Trabalho, por prever a eliminação de quatro feriados, em
particular o que assinala a restauração da independência.
Apesar da
contestação, as novas regras do Código de Trabalho foram publicadas em Junho
deste ano, contemplando a abolição do feriado.
Poucos dias
depois, o Movimento 1.º de Dezembro e a Sociedade Histórica da Independência de
Portugal assinaram um protocolo para lutar "pela defesa e pela
restauração" do feriado nacional.
Já este mês,
Ribeiro e Castro divulgou o projecto de promover, no sábado, um desfile de
bandas filarmónicas em Lisboa, com o intuito de inaugurar uma
"tradição" de "cunho popular" na capital.
As
celebrações do Dia da Restauração da Independência vão reproduzir-se em várias
cidades do país.
Na tarde de
sábado, bandas filarmónicas vão recordar as lutas de 1640, desfilando em várias
cidades dos distritos de Viana do Castelo, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu,
Guarda, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Lisboa, Santarém, Portalegre, Évora,
Setúbal e Beja.
Criado na segunda metade do século
XIX, o 1.º de Dezembro é o feriado civil mais antigo, tendo sobrevivido à I
República, ao Estado Novo e à chegada da democracia.
Menos de uma
semana após a revolução republicana de 1910, um decreto acabou com os feriados
religiosos e instituiu apenas cinco dias de 'folga nacional'. Os republicanos
aceitaram apenas uma celebração civil vinda da monarquia: o feriado que marca a
Restauração da Independência, em relação a Espanha.
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