sábado, 5 de janeiro de 2013

Digitalizar a nossa Hospitalidade? Não me parece...


Excelentíssima Senhora Secretária de Estado do Turismo
Dr.ª Cecília Meireles
C/C  Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal

Digitalizar a nossa Hospitalidade?
Não me parece...

No passado sábado desloquei me ao Aeroporto Sá Carneiro, e como estava com tempo fui á loja da Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal para pedir informações sobre o Douro em geral e vinhos em particular.
Entregaram-me dois pequenos desdobráveis sobre Caves do Vinho do Porto em Gaia e Quintas no Douro, que cumpriam, o mesmo já não acontecendo com outros dois livros que recebi sobre Turismo de Natureza e Turismo Religioso, que tinham erros primários na sua conceção.
No livrinho da Natureza no seu primeiro texto , á laia de editorial, aparece  o “discurso” do diretor desta Região adornado com uma fotografia do mesmo, revelando um narcisismo piroso e provinciano que confesso que me envergonhou. Mas o pior ainda estava para vir, depois de ficar encantado com os raftings, balões, pescas e tantas outras atividades anunciadas, bem procurei os contactos para poder usufruir destas mesmas experiências mas em vão, nada, apenas os sempre uteis telefones das Camaras Municipais, das Farmácias, não faltando o dos Bombeiros.
O segundo documento que recebi, Turismo Religioso, por sinal o mais volumoso, com mais de 100 paginas, num verdadeiro desperdício, porque se o Turismo Religioso é uma aposta ganha, esta abordagem “granítica” do tema religioso, não será seguramente o melhor caminho a trilhar.
Não percebi se existem iguais publicações em Inglês, mas pareceu-me que não o que ainda mais aumentou a minha ansiedade de Portuense sobre esta abordagem Turística do Porto e do Norte de Portugal : Loja localizada no Aeroporto Sá Carneiro, documentos impressos em Português? Só pode ser Turismo Interno destinada aos nossos patrícios Açorianos, Madeirenses, Algarvios e Lisboetas... e talvez um dia também Alentejanos, vindos de Beja!!!!!
Mal sabia que tinha acabado de visitar a primeira de 54 lojas interativas a instalar no Norte do País com um custo total de 20 milhões de euros e que, segundo o diretor desta Região Turística “ Representa um novo conceito de cash advance 24 7 promoção do turismo que ultrapassa a mera informação turística e que abre as portas ao turismo como negócio.”
Prometo que lá voltarei para interagir com a dita loja, pese embora, esteja já um pouco de pé atrás, não só pela definição apresentada do conceito pelo seu diretor, mas também porque me parecer demasiado cara e totalmente descabida esta tentativa de digitalizar a nossa hospitalidade...
Mas as trapalhadas não ficam por aqui...
Região de Turismo do Porto e do Norte de Portugal  (TPNP), com sede em Viana do Castelo e delegações em Bragança, Chaves, Guimarães e Braga ? Então e o Porto? Fica na designação...
Não seria mais lógico chamar Região de Turismo do Norte de Portugal, com sede no Porto ou em alternativa descentralizadora em Vila Real?
Ao entramos no site WWW.PortoeNorte.pt verificamos que também a sua conceção não resiste á simples pergunta: a quem se destina? Ao Turista não parece ser, ainda por cima com o Inglês e Espanhol só brevemente, que espero que o seja pró ano que é já amanhã.
Com grande destaque aparece a épica criação desta nossa nova entidade turística:
Os 7 Produtos (turísticos) da Região, a saber: Turismo de Negócios, City @ Short Breaks, Gastronomia e Vinhos, Turismo de Natureza, Turismo Religioso, Touring Cultural e Paisagístico e por último Saúde e Bem Estar
Leia pf as trapalhadas de conceitos que aparecem na definição de cada produto, nalguns casos verdadeiras “perolas literárias”, muito provavelmente as responsáveis pelos atrasos das traduções do site...

Turismo de Negócios
O Turismo de Negócios aposta na captação sustentada de novos congressos, conferências, seminários, reuniões, viagens de incentivo e lançamento de produtos.
Através de programas ímpares, o Porto e Norte de Portugal convida o congressista e/ou Turista a descobrir o património histórico e os espaços culturais e de animação que preenchem a região.
A escolha da cidade do Porto para delegação deste produto estratégico deveu-se à sua privilegiada localização e acessibilidade e ao seu dinamismo económico.

City & Short Breaks

O Produto Estratégico City & Short-Breaks simboliza a dinamização social ao serviço do desenvolvimento turístico. A diversão, a sociabilidade associada aos movimentos urbanos, à energia e vitalidade que tão bem caracterizam os itinerários temáticos e os serviços personalizados de alta qualidade.

Existem milhares de razões para visitar Porto e Norte de Portugal… destino único e autêntico. É como o seu vinho, um tesouro para ser lentamente apreciado.

Descubra! Sinta! Envolva-se!

Gastronomia e Vinhos

A Gastronomia e Vinhos, produto estratégico, por excelência, sediado em Viana do Castelo, convida para uma viagem de afectos pelo Porto e Norte de Portugal, oferecendo uma riqueza inacabada no renascer de novos aromas, saberes e sabores envolvidos pelos sons e cores que radicam na força telúrica das paisagens.

Exaltando a qualidade das matérias-primas e a ancestralidade das formas de confecção e produção, a Gastronomia e Vinhos afirmam-se como símbolos vivos que reflectem a vida e a alma de gentes e locais, constituindo uma faceta indelével do rosto cultural desta região consagrada no PENT – Plano Estratégico Nacional de Turismo – como primeira prioridade.

Turismo de Natureza

A essência do Porto e Norte desenha-se numa paleta de contrastes naturais… Aqui convivem cidade, modernidade, natureza e tradição. Do Minho verde ao telúrico Trás-os-Montes: aqui se come, bebe e desfruta da vida, como em nenhum outro sítio de Portugal.

Do aprazível litoral atlântico ao interior que se irmana a Espanha em serras enfeitiçadas de lendas antigas.

Do cultural e urbano Porto, até à natureza pura do Parque Nacional da Peneda Gerês, oferecemos 260000 hectares de área protegida.

Turismo Religioso

Braga é o cenário de eleição para o produto Turismo Religioso e emerge como local, por excelência, do enraizamento do sagrado, evocando o cruzamento entre a arte e o divino, quer nos seus fundamentos, quer nas suas manifestações.

Atracção exercida por santuários e lugares sagrados, autênticos museus de arte, pelo elevado número de construções religiosas, que ostentando luxuosos interiores de talha dourada, surgem como ícones vivos da tradição religiosa.

Touring Cultural e Paisagístico

Berço da Nação, Guimarães tem o raro privilégio de aliar todo o perfume da história a uma estratégica centralidade que permite a ligação do litoral ao interior.

A região oferece múltiplas rotas temáticas propulsoras da descoberta do património que o Porto e Norte aconchega no seu berço comunicacional e estético: a arte atlântica, a arte esquemática, monumentos megalíticos, a cultura marítima tradicional com valor antropológico e todo um conjunto de legados que marcam a vida e a alma desta região.

Saúde e Bem-estar

O Norte de Portugal é uma região fortemente marcada pela presença da água.

O Turista actual, mais preocupado com a sua forma física e com o equilíbrio do binómio corpo/espírito, com maior consciência ambiental e social, encontra, no Norte de Portugal, um destino não massificado, que se vem afirmando através da sua rede de estâncias termais.

A oferta termal do Norte de Portugal completa-se com a emergência de SPAs e de centros de talassoterapia que, em conjunto contribuem para a afirmação do Turismo de Saúde e Bem-estar na região.


Turismo de Negócios? Não será do Saber?
City&Short Breacks ? Não será Cidade do Porto? Ou se quisermos olhando para o simbolismo e grafismo do seu inspirado logotipo (uma ampulheta), e assumindo alguma brejeirice Portuense, porque não chamar-lhe antes uma “Rapidinha Urbana”?
Touring Cultural e Paisagístico? Não será apenas Cultura e Património?
Gastronomia e Vinhos? Não seria melhor ao contrário? O Vinho do Porto, o Vinho Verde, os Vinhos de Mesa do Douro, o Mateus Rosé, o Alvarinho, o Moscatel de Favaios, o Espadal, etc. não batem em notoriedade e potencial, as Tripas á moda do Porto, o Bacalhau á Braga, o Cabrito, a Sardinha, o Polvo á Lagareiro, a Alheira de Mirandela, as Papas ou Arroz de Sarrabulho, a Francesinha ou  até a Doçaria Conventual ?
Turismo Religioso, sem Fátima? Não podiam pedir “Fátima” emprestada á Região  Centro, por troca, por exemplo de um outro “Santuário”, o Estádio do Dragão? Irrita-me esta cultura dos jardins!
Talvez seja incapacidade minha em não encontrar muita virtude na criação destes 7 Produtos, pelo que pergunto  se não será muito mais eficiente e simples trabalhar uma qualquer Região Turística na simples perspetiva de destino Geográfico e ou Temático de forma Transversal, e sempre  focado no Turista?
Arrisco um contributo:
Geograficamente a prioridade de trabalhar destinos neste Norte de Portugal, não será: Minho / Geres / Douro / Cidade do Porto e a seguir Traz os Montes e Litoral Norte?
Tematicamente, a escolha já será mais complexa, mas Vinhos, Natureza e Saber (Ciência, Industria, Arquitetura, etc.), parecem-me ser os prioritários, não descurando, os sempre presentes Património, a Cultura, os Costumes, a Religião, o Termalismo e o Desporto (Golfe, Hipismo, Vela, Canoagem, Caminhadas, etc.).
Termino, como comecei: digitalizar a nossa hospitalidade?
Um desNorte...do tamanho da Torre dos Clérigos, com 20 milhões de boas razões para não o fazer! O Turismo em geral e o Norte em particular, merece melhor.
Digitalize se boas soluções...

Melhores cumprimentos e um 2013 com tudo de bom para o Turismo em Portugal

Porto, 31 de Dezembro de 2012
Paulo Corte-Real Correia Alves
Português e Portuense 

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