terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio comemora as suas bodas de diamante

Em 1960, o Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio efectuou uma digressão a Paris e Londres. Antes da partida, porém, foi recebido nos Paços do Concelho, em Lisboa, onde apresentou cumprimentos ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa António Vitorino França Borges, vendo-se também na foto o Vice-presidente, Aníbal David. Na ocasião, teve ainda a oportunidade de actuar no átrio dos Paços do Concelho.
As fotografias, da autoria de Armando Serôdio, feitas a partir de negativo de gelatina e prata em acetato de celulose, retratam a referida cerimónia.
Foto: Arquivo Municipal de Lisboa

Gonçalo Sampaio nasceu no povoado de São Gens de Calvos, no concelho da Póvoa de Lanhoso. Depois de frequentar o Liceu de Braga, inscreveu-se em 1885 na Escola Normal do Porto, com o objectivo de se tornar professor primário. Contudo, pouco depois abandonou os estudos e regressou ao Liceu de Braga para concluir os estudos secundários e preparatórios. Matriculou-se na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra, mas abandonou os estudos sem concluir o curso.
Em 1891 matriculou-se na Academia Politécnica do Porto, frequentando as cadeiras de Química Mineral, Botânica e Zoologia, mas também nesta escola interrompeu os estudos sem concluir o curso. Enquanto estudante na Academia Politécnica interessou-se pela botânica, revelando excepcionais aptidões para o estudo das plantas que demonstrou ao organizar um herbário a pedido do seu professor de botânica, o lente Manuel Amândio Gonçalves.
Apesar de ter abandonado os estudos, dedicou-se ao estudo da botânica e à herborização, publicando em 1895 o seu primeiro trabalho científico, a que deu o título deFlora Vascular Portugueza. Quadro dichotomico para a determinação das famílias, uma obra de grande interesse para o trabalho de campo.
A partir de 1901 começou a trabalhar na Academia Politécnica do Porto como naturalista adjunto da cadeira de Botânica. Apesar de não ser diplomado, no ano seguinte foi encarregue da direcção dos trabalhos práticos da cadeira, trabalhando como assistente de Manuel Amândio Gonçalves.
Quando em 1910 o Professor Amândio Gonçalves adoeceu gravemente, coube a Gonçalo Sampaio assumir a regência da cadeira de Botânica, mas essa experiência foi interrompida pela implantação da República Portuguesa, a 5 de Outubro daquele ano, já que sendo um monárquico convicto e apoiante público de João Franco foi forçado a exilar-se na Galiza. O exílio foi curto, regressando a Portugal no ano imediato e retomando as suas funções.
Em 1912 foi nomeado professor de Botânica da recém-criada Faculdade de Ciências da novel Universidade do Porto, passando em 1913 a director do Gabinete de Botânica.
O seu envolvimento político manteve-se: após o assassinato de Sidónio Pais a 14 de Dezembro de 1918, apoiou a efémera Monarquia do Norte, que sob o comando de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro governou o Porto em Janeiro e Fevereiro de 1919. Quando o movimento colapsou e o regime republicano retomou o controlo da cidade, Gonçalo Sampaio foi detido e acusado de apoiado a organização do Batalhão Académico do Porto. Ficou preso no Aljube durante vários meses, escrevendo, ou pelo menos concluindo, uma obra a que deu título de Epítome da Flora Portuguesa.
Quando faleceu em Julho de 1937, aos 72 anos de idade, Gonçalo Sampaio deixou dois manuscritos de uma nova flora vascular de Portugal, nos quais faltavam apenas algumas famílias. Esses manuscritos, e as obras anteriores de Sampaio, com destaque para o Manual da Flora Portuguesa (1909-1914), permitiram a edição póstuma de uma flora vascular de Portugal, aparecida em 1946 com o título de Flora Portuguesa.
Para além da sua actividade científica foi um estudioso da música, com destaque para a música popular portuguesa. Foi músico amador, tendo violino como seu instrumento predilecto, que estudou como autodidacta. Também foi folclorista, publicando um Cancioneiro Minhoto com cerca de 200 canções tradicionais do noroeste de Portugal.

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