As
fotografias, da autoria de Armando Serôdio, feitas a partir de negativo de
gelatina e prata em acetato de celulose, retratam a referida cerimónia.
Foto:
Arquivo Municipal de Lisboa
Gonçalo Sampaio nasceu no povoado de São
Gens de Calvos, no concelho da Póvoa
de Lanhoso. Depois de frequentar o Liceu
de Braga, inscreveu-se em 1885 na Escola
Normal do Porto, com o objectivo de se tornar professor primário. Contudo,
pouco depois abandonou os estudos e regressou ao Liceu de Braga para concluir
os estudos secundários e preparatórios. Matriculou-se na Faculdade de Matemática da
Universidade de Coimbra, mas abandonou os estudos sem concluir o curso.
Em 1891
matriculou-se na Academia
Politécnica do Porto, frequentando as cadeiras de Química Mineral, Botânica e
Zoologia, mas também nesta escola interrompeu os estudos sem concluir o curso.
Enquanto estudante na Academia Politécnica interessou-se pela botânica,
revelando excepcionais aptidões para o estudo das plantas que demonstrou ao
organizar um herbário a pedido do seu professor de botânica,
o lente Manuel Amândio Gonçalves.
Apesar de ter
abandonado os estudos, dedicou-se ao estudo da botânica e à herborização,
publicando em 1895 o seu primeiro trabalho científico, a que deu o título deFlora
Vascular Portugueza. Quadro dichotomico para a determinação das famílias,
uma obra de grande interesse para o trabalho de campo.
A partir de
1901 começou a trabalhar na Academia Politécnica do Porto como naturalista
adjunto da cadeira de Botânica. Apesar de não ser diplomado, no ano seguinte
foi encarregue da direcção dos trabalhos práticos da cadeira, trabalhando como
assistente de Manuel Amândio Gonçalves.
Quando em 1910 o Professor Amândio Gonçalves
adoeceu gravemente, coube a Gonçalo Sampaio assumir a regência da cadeira de
Botânica, mas essa experiência foi interrompida pela implantação da República Portuguesa, a
5 de Outubro daquele ano, já que sendo um monárquico convicto e apoiante
público de João Franco foi forçado a exilar-se na Galiza. O exílio foi curto,
regressando a Portugal no ano imediato e retomando as suas funções.
Em 1912 foi
nomeado professor de Botânica da recém-criada Faculdade
de Ciências da novel Universidade do Porto, passando em 1913 a director do Gabinete
de Botânica.
O seu
envolvimento político manteve-se: após o assassinato de Sidónio Pais a 14
de Dezembro de 1918, apoiou a efémera Monarquia do Norte, que sob o comando
de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro governou
o Porto em Janeiro e Fevereiro de 1919. Quando o movimento colapsou e o regime
republicano retomou o controlo da cidade, Gonçalo Sampaio foi detido e acusado
de apoiado a organização do Batalhão
Académico do Porto. Ficou preso no Aljube durante vários meses, escrevendo,
ou pelo menos concluindo, uma obra a que deu título de Epítome da Flora Portuguesa.
Quando faleceu em Julho de 1937, aos 72 anos de
idade, Gonçalo Sampaio deixou dois manuscritos de uma nova flora vascular de
Portugal, nos quais faltavam apenas algumas famílias. Esses manuscritos, e as
obras anteriores de Sampaio, com destaque para o Manual da Flora Portuguesa (1909-1914), permitiram a edição
póstuma de uma flora vascular de Portugal, aparecida em 1946 com o título de Flora Portuguesa.
Para além da sua actividade científica foi um
estudioso da música, com destaque para a música popular portuguesa. Foi músico
amador, tendo violino como seu instrumento predilecto, que
estudou como autodidacta. Também foi folclorista, publicando um Cancioneiro
Minhoto com cerca de 200
canções tradicionais do noroeste de Portugal.
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