É a terceira tentativa de conquista da Câmara Municipal de Braga (CMB)
que move o candidato da coligação "Juntos por Braga" (PSD/CDS/PPM),
Ricardo Rio. E derradeira, não obstante a sua juventude. O economista de 40
anos reconhece algum mérito a Mesquita Machado (MM), mas considera que, podendo
ter sido o Marquês de Pombal bracarense, falhou rotundamente.
É a terceira vez que se candidata à CMB. Se não vencer,
ficará com o ferrete do candidato que mais vezes o tentou, sem êxito. A sua
carreira política não ficará abalada?
Não tenho nem ambiciono ter carreira política. Disponibilizei-me para me
dedicar à causa pública sendo candidato à CMB, e é esse objetivo que persigo.
Se perder, não haverá drama.
Admite voltar a candidatar--se à Câmara?
Não, não voltarei a fazê-lo.
Disse que MM exerceu uma "ditadura
democrática". Está a passar um atestado de menoridade ao eleitorado que o
reelegeu várias vezes?
Quando o poder se prolonga excessivamente, há todo um
conjunto de laços e dependências criados que acabam por minar a democracia. É
por isso que temos uma lei de limitação de mandatos. Os cidadãos votaram
livremente, mais ainda assim condicionados por dependências, de cariz económico
e outras, cultivadas pela postura tutelar que a Câmara assumiu.
Está a dizer que parte do eleitorado foi obrigado a
votar MM por causa dessa tutela?
Obrigado será uma expressão forte. No segredo da cabine de
voto as pessoas podem tomar a atitude que entendem. Não sei é se têm liberdade
mental para isso.
O poder de MM chega ao ponto de condicionar
mentalmente os eleitores?
Acho que sim. Mas também não vamos exagerar...
O senhor é que falou em ditadura democrática...
E é verdade, disso não tenho dúvida. Dou o exemplo ao
contrário: quem faz reparos públicos ao presidente é sistematicamente
perseguido, discriminado.
Indique três coisas que MM fez e que o senhor nunca
faria.
A gestão da expansão urbana da cidade foi obscena, porque
criou zonas com degradadíssima qualidade de vida. Mesquita Machado podia ter
sido o Marquês de Pombal de Braga: teve terreno livre para planificar à
vontade, e o resultado final, em muitas zonas, é mau. Por outro lado, a falta
de políticas para travar o desemprego e a perda de competitividade do concelho.
Por fim, a desvalorização sistemática do imenso património de Braga.
E qual foi o principal mérito de MM?
Braga cresceu e qualificou-se muito em termos de
infraestruturas básicas. Mas, cumpre dizê-lo, qualquer outro presidente de
Câmara o poderia ter feito em 37 anos.
Caso seja eleito, vai herdar obras em curso. Que fará em
relação à requalificação do Monte do Picoto?
Nunca contestei transformá-lo, ligado ao Parque da Ponte,
num parque. Mas há o caso mal resolvido do Bairro Nogueira da Silva e do
descontrolo do processo de expropriações, com a agravante, no caso, de envolver
aquele que devia ser o interlocutor natural da CMB, que é a Diocese. A minha
prioridade será criar o parque ecomonumental das Sete Fontes.
E sobre o Parque Norte?
Braga precisa de uma piscina olímpica. Se for presidente da
CMB, a minha prioridade será falar com arquitetos para reconverter o projeto
que lá está num equipamento funcional e de custo razoável. E, assim haja
recursos, concluir o resto dos equipamentos.
Disse que queria "tirar Braga debaixo do
tapete". Acha que o concelho não tem a projeção que merecia?
Exatamente. Braga, ao longo dos anos, por uma política
deliberada da própria autarquia - que achou que quanto menos fosse notícia,
mais tranquilas as coisas estavam -, não conseguiu projetar-se. Braga tem de
assumir outro protagonismo e só não o assumiu por incúria.
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