Há fenómenos que ultrapassam todas as expectativas e que são, por isso
mesmo, de difícil compreensão.
Pelo menos para leigos como eu. Falo, por exemplo, do nascimento real
inglês que foi tema de capa em praticamente todo o mundo. E o que dizer das
manifestações de alguns governos e autoridades mundiais? Das Cataratas do
Niagara a Times Square não faltaram homenagens ao rapaz que um dia assumirá o
trono britânico, havendo imagens que ficarão na memória, como a da tripulação
de um navio de guerra que colocou os seus militares a formarem a palavra boy
(rapaz).
Estando as
monarquias a serem tão atacadas pelos seus gastos e formas de vida, vide
Espanha, Bélgica ou Suécia, não deixa de ser um balão de oxigénio para a causa
o nascimento do filho de Kate e William. Não sendo eleitos pelo povo através de
eleições, os monarcas estão debaixo de fogo até pelos gastos que representam
para os países. No que à Grã-Bretanha diz respeito, não sei se os gastos são
assim tão consideráveis, se atendermos às receitas que geram. Quem vai a
Inglaterra percebe que uma boa parte do comércio vive dos souvenirs alusivos à
casa real.
Mas a
monarquia é muito mais do que um deve e haver das contas públicas. Representa a
identidade de um povo e, em alguns casos, é garantia de união. Falo obviamente
dos países que mantêm as suas monarquias, com mais ou menos poder.
Voltando ao
nascimento real, o bebé conseguiu que países como Israel e Irão estivessem do
mesmo lado ao felicitarem os pais. Outro dado curioso nesta história, e que tem
a ver com o lado positivo da tradição – há muitos, é certo –, diz respeito ao
suspense criado quanto ao sexo da criança. Como manda a tradição, os pais só
terão, supostamente, sabido quando a criança veio ao mundo. Por essa razão, as
manchetes dos jornais britânicos diziam que ‘é um rapaz’. A curiosidade criou
um facto que hoje é raro, já que quase todos os casais preferem saber o sexo da
criança antes dela nascer. O espaço para as surpresas praticamente não existem
nesta era das redes sociais. Quando as pessoas optam por dizer onde vão, o que
querem fazer a seguir, o que sentem por determinada pessoa, e por aí fora, é
natural que o sexo de um filho não fique para o fim de nove meses. O que, como
vimos, pode ser bem mais engraçado.
Vítor Rainho
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