No dia 5 de Novembro de 2013, desconhecendo o regimento da
Assembleia da República sobre eventos, ou manifestações culturais de
qualquer índole, que se poderão efectuar na nossa "casa da democracia",
ao abrigo das solicitações promovidas pelos partidos políticos ou,
porventura outros interessados, realizou-se a antestreia do filme “Até
amanhã, camaradas”, de Joaquim Leitão, baseado no romance homónimo do
Dr. Álvaro Cunhal, escrito sob o pseudónimo de Manuel Tiago, isto a
breves dias de assinalar o centenário do nascimento do antigo líder do
PCP.
Faço desde já o meu registo
de intenções, para que tudo fique claro…não sou obviamente um
simpatizante do PCP, nem sequer do Dr. Álvaro Cunhal, mas sou claramente
um respeitador da coerência do seu pensamento e digo-o, com a distância
insofismável do meu próprio pensamento politico, no entanto, a
coerência é coisa rara nos dias que correm.
A
sua importância como figura marcante, quer se goste ou não, na história
da democracia portuguesa, no último quartel do século XX, e aqui uma
vez mais, dependendo do ponto de vista de cada um dos portugueses, é
realçada pela sua “honestidade” intelectual, ao guardar com zelo os
ideais que defendeu até ao último suspiro…disso não tenho qualquer tipo
de dúvida.
Contudo, discordo em
absoluto da subentendida homenagem na Assembleia da República, ao exibir
sob efeito de espelho e em atitude cinematográfica a sua obra homónima.
Porquê?
Por
critérios de coerência…os mesmos que eu próprio admirei na figura do
Dr. Álvaro Cunhal, aliás, atrevo-me a afirmar que o próprio recusaria
este tipo de iniciativa.
Lembro…aquando
da sua morte, foi requerido um minuto de pesar e concedido pela maioria
parlamentar vigente no momento, na Assembleia da República.
Por
critérios de coerência, em 2008, foi recusado um minuto de pesar,
requerido pela bancada afecta à oposição de então, em memória, volvidos
100 anos, de um Chefe de Estado e seu filho, que foram assassinados
através de acto pusilânime, no Terreiro do Paço.
Não se discutem as dimensões dos homens e dos seus lugares, discute-se sim…a coerência.
Sem comentários:
Enviar um comentário