Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Monarquia: um chefe sem partido

Num país onde a república é a única forma de Governo possível, alguns não vêem vantagem na elegibilidade do Chefe de Estado. Eles são monárquicos e acreditam que um rei seria a melhor solução para Portugal. Manuel Neves e Manuel Beninger são portugueses que acreditam numa monarquia moderna, numa monarquia parlamentar.
A discussão entre monárquicos e republicanos é velha no âmbito da ciência política. No entanto, os monárquicos acreditam que têm a vitória e que Portugal não deveria ser um dos 164 países sob regime republicano. Este país deveria ter, segundo eles, um chefe de estado não eleito. Só assim se conseguiria a unidade nacional.
Para Manuel Pinto Neves, de 63 anos, “os presidentes da república são indicados por partidos e seguem ideologias, o que cria divisão imediata”.
Segundo este monárquico, o rei é o símbolo de um país que não se envolve em partidos. É uma figura independente destas situações, procurando o consenso. Esta é uma das razões pelas quais se defende o regresso à monarquia.

Um regime com vantagens
O Presidente da República é visto, por quem defende a monarquia, como uma figura apenas eleita por uma parte da população. Além disso, para o Presidente da Comissão Distrital de Braga do Partido Popular Monárquico (PPM), Manuel Beninger, a abstenção verificada nos últimos anos reflecte “o descrédito nas instituições republicanas”.
Este monárquico afirma que o rei seria a melhor opção dado que este é “absolutamente livre de pressões, de grupos económicos e de interesses partidários”, representando todos os portugueses.
A capacidade de neutralidade em relação às forças políticas começa a ser preparada em criança. Desde a infância que o futuro rei adquire uma educação especializada que lhe permite subir ao trono mais tarde. Manuel Neves confirma esta ideia, referindo que “os reis são preparados imediatamente para o serem e para poderem prestar serviço à nação”.
Perante a actual situação do país, o cidadão de 63 anos relembra que um regime monárquico é mais barato do que um regime republicano. Além disso, refere que os presidentes da república gastam milhões e que “o estado continua a aguentar quatro ou cinco presidentes da república, quando eles já saíram”.

Monarquia como opção democrática
Não há números oficiais quanto aos portugueses que defendem a monarquia. O número de filiados no movimento oficial monárquico ronda os dez mil, mas o valor real é superior. Manuel Neves afirma que existem “grupos monárquicos informais que usam as redes sociais, encontros e convívios para manter a causa na memória”. Para além disso, segundo D. Duarte Pio, 30% dos portugueses achariam melhor ter um rei do que um presidente.
Apesar da luta por uma alteração no actual regime, a Constituição não é favorável a uma mudança. “O actual regime e a constituição portuguesa não são, de todo, verdadeiramente democráticos, uma vez que apenas consagram a República, como única opção de regime”, defende Manuel Beninger.

Uma causa que não precisa de partido
O Partido Popular Monárquico teve, na sua génese, alguns membros monárquicos. No entanto, os membros da causa real não pertencem todos ao PPM. “Muita gente é do PSD, do CDS ou até do próprio partido socialista. A causa monárquica não precisa de partido”, afirma Manuel Neves.
Apesar desta heterogeneidade, o representante do PPM acredita que “há um descontentamento profundo com o actual regime e com as actuais políticas do país”. Este é, para Manuel Beninger, o motivo apontado para que o Partido Popular Monárquico tivesse melhores resultados nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, adquirindo 0,5% dos votos, segundo dados do Jornal Expresso. Apesar desta subida de 0,1% face às eleições europeias de 2009, “o partido popular monárquico nunca teve nenhuma expressão a nível eleitoral”, de acordo com Manuel Neves.
Quanto ao futuro, o representante do PPM acredita “firmemente que a restauração da monarquia já esteve mais longe e que esta será uma realidade ainda nesta geração”.

Fonte: Universidade do Minho Press

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