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Manuel Beninger

quarta-feira, 28 de abril de 1993

COMO É BOM VIVER EM BRAGA!; Artigo de Opinião de Manuel Beninger


Jornal "Opinião Pública"

Recentemente, os vereadores socialistas da Câmara Municipal de Braga deliberaram abrir concurso público para a venda da Praça da República (Av. Central) e da Praça Conde de Agrolongo (Campo da Vinha), alienação que seria feita em propriedade plena daqueles terrenos, justificando essa opção com a necessidade de interessar os particulares no negócio.

Esse propósito mereceu o repúdio generalizado dos bracarenses e deu azo, no passado dia 6 de Março, a uma acção de rua em que convergiram as organizações de juventude dos diversos partidos políticos representados no nosso concelho, à excepção da JS, formando uma frente unida, para fazerem uma campanha de oposição à Câmara do Eng.º Mesquita Machado, que autocráticamente continua a vender parte da cidade e o seu termo.

Muito mais importante que os cartazes colados e distribuição de denuncia sobre este momentoso assunto, foi o facto de as juventudes, Monárquica, Social-Democrática, Renovadora e Centrista, ultrapassarem divergências de idealismo político, e pragmaticamente encontrarem pontes de identidade, que lhes permitiu levar a efeito esta campanha de denuncia pública.

Os jovens deram uma magistral lição de espírito cívico, de convivência democrática e de empenho de combate político, impossível de concretizar pelos partidos políticos.

De facto, a oposição feita pelos diversos partidos que a constituem, tem, desde sempre, sido débil, com um cariz individualista, que só tem facilitado o exercício do poder pelo contestado líder socialista.

Foi uma boa lição. Espera-se que seja merecedora duma reflexão pelos dirigentes políticos da nossa praça.

Ironicamente, o referido concurso ficou deserto, ninguém apresentou propostas, e, desse modo, a Avenida Central e o Campo da Vinha continuaram, por mais algum tempo, a pertencer a todos nós bracarenses.

Pelo facto, deveríamos congratular-nos.

Mas não. O Presidente da nossa edilidade, não atendendo aos apelos das organizações juvenis do concelho, resolveu abrir novo concurso para a venda das praças, nos termos do anterior, concurso a que se apresentaram dois concorrentes.

E as praças foram vendidas!

Porque todo este processo nos parece politicamente significativo no quadro das próximas eleições autárquicas, entendemos oportuno divulgar a reflexão que sobre ele fazemos.

As alterações do Campo da Vinha e da Avenida Central, onde de têm que articular também todo o processo de reconversão dos "apetecíveis" espaços urbanos envolventes, designadamente o interior do quarteirão delimitado pela rua dos Capelistas, dos Chãos, do Carvalhal, do Carmo e Campo da Vinha, constitui um projecto - um negócio - que envolve largas centenas de milhares de contos (leia-se vários milhões de contos).

O arranjo do Campo da Vinha - ponto de partida de todo esse processo - preocupa a vereação socialista da Câmara desde o anterior mandato, quando foi objecto de um concurso público de ideias; constitui uma das suas promessas eleitorais e deveria ter sido mesmo a "obra emblemática" deste mandato.

Ora, a oito meses do seu termo, o elenco socialista liderado por Mesquita Machado, a braços com o incumprimento daquela promessa, avança a ideia peregrina de vender as praças a promotores privados.

Como perceber então esta história bizarra?

Por um lado, os socialistas precisavam de uma boa desculpa para não concretizar o seu projecto; Tiveram a possibilidade de o abandonar com o pretexto da sua impopularidade para os bracarenses. Não o fizeram e preferiram abrir um novo concurso para a venda das praças. É que os socialistas, experientes destas "andanças" e "conhecedores" do interesse que aquele negócio poderia despertar no meio empresarial local, não "resistiram" à intenção e, mais uma vez, deixaram sobrepor o interesse de particulares ao dos cidadãos bracarenses.

Esta situação não é nova e, se reflectirmos com atenção sobre alguns factos recentes sucedidos na nossa cidade, verificaremos como é preocupante todo este processo.

Lembremos:

O pretexto da construção de um hotel no monte do Picoto - projecto que aparentemente não interessava ninguém, permitindo assim a venda dos terrenos municipais por cem contos - conduziu definitivamente ao assalto daquele monte.

Os terrenos circundantes aos Granjinhos, pelo elevado valor que atingiram na licitação realizada - estava em causa o Sporting de Braga... -, só irão ser rentabilizados com volumetria construtiva abusiva e, ao que sabemos, os projectos em elaboração para o local assim o propõem.

Veremos se com a Avenida Central não irá acontecer o mesmo, sendo o "Zé Pagode", mais uma vez a vítima das agressões que os desmandos da maioria socialista da Câmara provocam na sua cidade.

Embora o Secretário Geral Guterres afirme "cartazmente" que, para os socialistas, os Portugueses não são negocio, tal não é confirmavel quando os Portugueses são bracarenses!!... como se vê na cidade que hoje temos.


Manuel Beninger
(Presidente Nacional da Juventude Monárquica
Coordenador da Comissão Política Distrital de Braga do PPM)