Em Portugal, segundo o Relatório conjunto de 2009 sobre Protecção e Inclusão Social divulgado em Bruxelas, a população mais idosa (e especialmente do sexo feminino), as mulheres e as crianças são as mais atingidas pela pobreza.
● Os idosos com mais de 65 anos registam as taxas de pobreza relativa mais elevadas – 28 por cento.
É no grupo dos idosos que as pensões e subsídios mais contam. Sem eles, 82 por cento dos residentes com 65 ou mais anos estaria em risco de pobreza.
Os rendimentos de pensões de reforma e sobrevivência permitiram diminuir em 15 por cento os indivíduos em risco de pobreza.
● As crianças portuguesas têm o pior nível de desqualificação da EU – 68 por cento das crianças portuguesas vivem com os pais, com o ensino secundário incompleto.
“Não é um retrato abonatório para Portugal aquele que se encontra descrito num relatório da Comissão Europeia sobre pobreza infantil (…). Elaborado com base em dados de 2005 (que é ainda o ano limite para a maior parte dos estudos europeus), o relatório coloca Portugal não só entre os oito países da União Europeia com níveis mais elevados de pobreza entre as crianças, como o confirma entre aqueles com mais probabilidades de se manter nesta posição.
Em 2005, 24 por cento das crianças (contra 19 de média na UE) encontravam-se expostas, em Portugal, ao risco de pobreza (no ano anterior essa percentagem era de 23 por cento). Como a Roménia e a Bulgária não foram incluídas neste estudo, em situação pior do que Portugal figuravam apenas a Polónia (29 por cento) e a Lituânia (27). Seguiam-se-lhes, em situação de empate, Portugal, Espanha e Itália.” (Jornal Público)
São as crianças que mais morrem à fome no mundo, de entre um número total de pessoas estimado entre 13 milhões e 18 milhões a cada ano.
● As pessoas que estão mais perto do limiar da pobreza em Portugal são, assim, os idosos que vivem sozinhos e as famílias constituídas por dois adultos com três ou mais filhos. Mas depois, há osdesempregados de longa duração cujas dificuldades de reinserção no mercado de trabalho se devem, total ou parcialmente, a qualificações baixas ou à sua falta.
O desemprego aumentou contribuindo para agravar os problemas de cerca de 20% da população portuguesa, tal se ficando a dever, em muitos casos, à falência de empresas e termo de contratos.
● Para além destes e de outras categorias sociais desfavorecidas, conhecidas como tal – entre elas os deficientes, sem-abrigo, toxicodependentes – temos agora, também, uma miséria social que atinge os que trabalham. Em Portugal, cerca de 32% da população activa está em risco de pobreza. Há cerca de 100 mil famílias em situação de grande dificuldade financeira, ou seja, pessoas que enfrentam sérios problemas para pagar a prestação bancária relativa à compra de casa ou empréstimos contraídos para consumo. São os novos pobres, pessoas com emprego mas cujo salário não chega para as necessidades. A presidente da Federação dos Bancos Alimentares contra a Fome, garante que há hoje mais pessoas a pedir ajuda alimentar do que em anos anteriores. E sabe-se que entre os que pedem ajuda alimentar se encontram pessoas com cursos superiores.
Esta é a nova pobreza. Um fenómeno que se apresenta afectando principalmente a classe média que trabalha por conta de outrem ou que possui pequenos negócios. É neste meio que encontramos a pobreza envergonhada. Temos uma classe média a tender para o desaparecimento. Pode-se dizer que Portugal a está a matar, quando a sobrecarrega de impostos e quando se desqualificam os trabalhadores manuais e se sobrevalorizam os títulos académicos.
A pobreza combate-se pela valorização da pessoa humana. Este combate passa por termos uma classe média forte e esclarecida. Só privilegiando a classe média em detrimento da criação de elites se poderá chegar a algum lado. Porque só a classe média, as médias empresas… é que estão próximas das pessoas, tem sensibilidade e capacidade de resposta. E é a classe média que paga impostos…
No entanto, é esta classe média, que caminha a passos largos para a pobreza e que paga a factura de sucessivas políticas erráticas.