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Manuel Beninger

sábado, 3 de julho de 2010

Assembleia Municipal - Plenário: Monte do Picoto

ORDEM DE TRABALHOS

PONTO Nº 2: Apreciação e votação do PLANO DE PORMENOR DO PARQUE DO MONTE DO PICOTO


Há na organização das cidades muitas acções que não podem ser partidarizadas.

Qualquer que seja o partido político que detenha o poder municipal, procurará melhorar o sistema de abastecimento de água, a distribuição de energia eléctrica, a limpeza das ruas e avenidas, a organização de trânsito etc., etc. indistintamente da sua origem política.

Vem a propósito, a tentativa da CMB fazer aprovar um novo plano de pormenor do parque do monte do Picoto.

Obviamente, embora as intenções sejam as de melhorar a situação existente, as soluções propostas podem vir a ser controversas, não no tempo, mas no objectivo e método escolhidos para se atingir a melhoria desejada.

Ao que tudo parece, não se trata de apreciar um plano de pormenor do Parque do Monte do Picoto, mas sim um projecto de urbanização do Monte do Picoto.

O P.P.M. já se definiu sobre este assunto, entre 1992 e 1993, advogando que o Monte do Picoto fosse uma área de lazer com paisagem enquadrada na cidade e ao serviço de todos os bracarenses.

Hoje, aqui nesta Assembleia Municipal, mais uma vez se vai repetir o espectáculo de uma “democracia musculada”.

As propostas da edilidade contam à partida com o apoio maioritário da sua bancada em contraste com os restantes partidos de oposição.

É pelo menos lamentável, que não haja um só socialista desta assembleia que manifeste alguma dúvida sobre o projecto de urbanização do Monte do Picoto.

De facto, seria lógico que num tão grande número de deputados municipais da maioria, houvesse alguém que ousasse pôr em dúvida as certezas e justificações, defendidas pelo Engº Mesquita Machado.

Já assim aconteceu em 1993, com o plano idealizado pelo reconhecido Arq. Fernando Távora, e apresentado pela C.M.B. como sendo o único merecedor de toda a confiança da maioria socialista.

Com a passagem dos anos, o projecto foi condensando vontades diferentes do presidente da edilidade, como foi a bizarra pista de esqui.

Não havendo durante estes dezoito anos, nenhum socialista que levantasse qualquer vontade diferente do seu “incansável líder”.

Hoje, com este novo projecto apresentado pela incessante edilidade bracarense, continua a não existir argumento suficientemente discordante que visualize uma outra solução.

Afigura-se ao P.P.M., passados estes anos de desastrada experiência no contexto, que a CMB não teve a coragem de assumir, por inabilidade, e quiçá défice de humildade, uma decisão válida ao projecto. Bem pelo contrário, verificando-se ao longo destes anos ideias bizarras consubstanciada num total abandono.

Voltando ao projecto do Monte do Picoto, o PPM gostaria de ver esclarecidas as seguintes questões:

1- Ora, tratando-se de uma zona verde com necessidade de preservar o que lhe é autóctone de uma forma equilibrada e harmoniosa, será que este projecto necessita de um arquitecto urbanista ou paisagista?

Segundo o que nos apraz verificar, a proposta é fazer algo à semelhança do “Portugal dos pequeninos”, onde não vai faltar os socalcos do douro e a monte alentejano. Isto para não falar dos “jardins zen” de onde não é conhecida a inspiração.

2- No projecto de urbanização do monte do Picoto surge uma ciclovia com cerca de 800 metros, que mais faz lembrar um velódromo, com um “regabofe de explanadas por monte acima”. Será esta, a ciclovia anunciada à anos para a cidade de Braga?

3- Existe no projecto uma franja que confronta com a estrada que vai para a Falperra, contemplada no projecto inicial do arqº Távora.

Porque não está esta franja incorporada no projecto apresentado?

Será para mais uma urbanização em potência?

4- E por falar em integrações semelhantes, porque não está incorporado, neste projecto, o bairro social, mais conhecido pelo “Bairro dos Ciganos”?

Como vão resolver este foco de tensão?

Será com a existência de muros electrificados?

Qual será o funcionário camarário que fará guarda na porta de Stº Adrião?

5- Como justificam a existência de aparcamentos automóveis junto da variante em plena zona verde?

Será ele uma forma de compromisso com essa mesma variante?

6- Por falar em variante: não será esta a “verdadeira” denuncia do “verdadeiro” Parque da Cidade apresentado?

Não será a sua construção um verdadeiro golpe mortal?

O que esconde a jusante?

7- Por fim, será a mancha desenhada e carregada de tinta verde que apresentam publicamente para apreciação e votação, uma verdadeira coluna de fogo que encobre uma nova urbanização?

O P.P.M. entende que o Monte do Picoto e áreas adjacentes, deveriam ser utilizadas na construção duma zona verde paisagisticamente atraente, onde se harmonizasse a ligação da natureza com a floresta de cimento e asfalto, que hoje é a cidade de Braga.

Advogaríamos que se plantasse uma mata ajardinada, seguindo o exemplo que os nossos antepassados fizeram no sec. XIX no Bom Jesus, que ainda hoje é um dos ex libris da cidade, dimensionando as áreas de lazer e repouso com a actual população da cidade.

Como agradeceriam as gerações vindouras, ao encontrarem bem perto de centro da cidade, uma mata de azevinhos enquadrada por carvalhos e castanheiros, onde distante do bulício citadino se pudesse fazer jogging, ler um livro, ou tão simplesmente gozar o “frufru” das folhagens dessas espécies.

É óbvio, que esta solução não seria interessante para o mundo de negócios, mas seria uma solução bem mais adequada às necessidades de melhoria da qualidade de vida dos bracarenses, que lamentamos não ser defendida pela Câmara Municipal de Braga, e por isso iremos votar contra.


Manuel Beninger

Grupo Municipal do P.P.M. na Assembleia Municipal de Braga