Jornal “Diário do Minho” de 29 de Novembro de 2010, pág. 6
Cantinas podem abrir aos fins-de-semana para matar a fome a alunos carenciados
Jornal “Diário do Minho” – As cantinas escolares do concelho de Braga podem vir a abrir aos fins de semana para matar a fome a alunos carenciados. A recomendação, proposta pelo Partido Popular Monárquico (PPM), foi aprovada por unanimidade na última Assembleia Municipal de Braga.
Manuel Beninger começou por citar o presidente da Cáritas Portuguesa, que se mostra preocupado com o número crescente de pedidos de ajuda, que podem aumentar entre 20 a 30 por cento. Refere que, em Outubro de 2009, a instituição apoiava cerca de cinco mil pessoas e agora apoia à volta de 62 mil.
Aliás, acrescentou, há já muitas Cáritas diocesanas que não conseguem atender todas as situações.
Na origem destas carências sociais está o desemprego. «E o Orçamento do Estado para 2011 não beneficiará os portugueses, sobretudo os das classes média e baixa.
No documento intitulado “a crise que dói”, o deputado municipal referiu que as escolas estão a detectar cada vez mais casos de novos pobres. «Trata-se de alunos da classe média-baixa sem direito a Acção Social Escolar, porque os rendimentos estão acima dos 649 euros, que são valores mínimos necessários. Há cada vez mais crianças com carências alimentares. Nos dias de hoje aumenta o número de crianças que só têm uma refeição quente por dia», alertou.
Ora, para o PPM, «isto é indigno». Por isso, entende que é premente responder de imediato às necessidades alimentares sentidas, para que os alunos não tenham dificuldades de aprendizagem.
O partido é de opinião que, apesar da má situação económica do País, a Câmara Municipal de Braga não pode virar as costas a este imenso problema social, «devendo mostrar compreensão e bom senso e hierarquizar os seu investimentos, pois este é certamente um investimento para o futuro, nos recursos humanos».
O texto, aprovado por todos os partidos com assento na Assembleia Municipal de Braga diz o seguinte: «a Assembleia Municipal de Braga, consciente da necessidade económica que muitas famílias em tempo de crise atravessam, e sabendo que a educação é um desígnio nacional, vem recomendar à CMB [Câmara Municipal de Braga]: 1 – o reforço das refeições escolares para os alunos mais carenciados porque muitos deles não irão certamente jantar; 2 – a abertura das escolas e das cantinas escolares nos fins-de-semana, se se justificar e se a situação económica piorar, para apoiar alimentarmente os alunos mais carenciados».
Crianças vão à escola com fome
Segundo o dirigente do PPM em Braga, um pouco por todo o País, cada vez mais crianças chegam à escola com fome, porque pouco ou nada comeram à noite e de manhã. E é com o estômago vazio que tentam aprender. «Sentam-se irrequietas, estão desconcentradas e algumas queixam-se de dores de barriga. Há alterações de comportamento associadas à fome, que os professores já aprenderam a detectar e que garantem serem mais notórias este ano lectivo».
Recorde-se que as Câmaras Municipais do Porto e de Sintra já prometeram abrir as cantinas escolares nas férias, precisamente para dar de comer a muitos alunos carenciados.
Para as Opções do Plano e Orçamento de 2011, o PPM propõe que a Câmara Municipal de Braga inclua uma verba mínima de 70 mil euros no Orçamento para apoio a instituições como a Cáritas de Braga, a Cruz Vermelha Portuguesa, e outras, caso venham a experimentar problemas de tesouraria.
Ainda no âmbito social, o partido monárquico sugere a criação de um Empresa de Inserção Social (EIS), pensada para que pessoas desempregadas possam criar os seus próprios negócio. Empresas que podem ser instaladas, por exemplo, no Parque de Exposições de Braga.
Manuel Beninger acrescenta que esta EIS poderia ter apoio técnico e jurídico de especialistas em direito do trabalho, gestão, contabilidade e marketing da Câmara de Braga, bem como o apoio do Instituto de Emprego e Formação Profissional.