Depois da subida do preço dos transportes, do corte no mês de Natal (cerca de 50%), a semana passada ficou marcada pelos brutais aumentos do IVA na electricidade e no gás (industrial).
Uma subida de 6% para 23% faz mesmo mossa, da grande. Maiores vítimas, as do costume, que trabalham e pagam os seus impostos, os que em nada concorreram para esta crise.
Os responsáveis pelo descalabro do país, esses estão na melhor, nunca são responsabilizados.
Este aumento vai fazer tremer as frágeis tesourarias das pequenas e médias empresas e acrescentar dores de cabeça a quem tem de virar-se do avesso, para aguentá-las de pé.
Vamos levando porrada, uma com data marcada e outra já anunciada. Uma coisa que o governo Passos/Portas tem cumprido é dizer a verdade. Amarga e cruel. Mas tarda em chegar o tempo dos cortes na gordura do Estado. Compreende-se a demora pela grande complexidade da medida que vai mexer com interesses instalados, direitos adquiridos, os boys de todas as cores.
E isto tanto mais dói quando se sabe que há 150 mil funcionários do Estado com direito a descontos na CP; que um motorista do Secretário da Cultura ganha quase mil contos/mês; que Cavaco Silva, que pede sacrifícios ao povo, nos custa 16 milhões de euros/ano, ele e seus 24 consultores, ele e os seus 12 assessores, e todo o pessoal que trabalha no Palácio de Belém (o dobro do rei D. Juan Carlos, de Espanha, e um dos presidentes que gasta mais na Europa); que também temos de pagar (por alma de quem?) pensões e benefícios adquiridos aos ex-presidentes da República.
E, por falar em Monarquia, fica aqui um bom exemplo: quando, em 1892, Portugal entrou em bancarrota, o rei D. Carlos prescindiu de 20% dos dinheiros gastos no palácio… Que “reis” da República, mãos largas para uns, mirradas para outros, têm tomates para fazer igual? Isso ajudava a acreditar no sonho…
Armor Pires Mota
Fonte: “Jornal da Bairrada” de 18 de Agosto de 2011