O Rei apeara inopinadamente à porta da cadeia.
O carcereiro era um alferes dos veteranos…
… D. Pedro V correu-o com os olhos, e disse:
- Conduza-me às enxovias.
Abriram-se os alçapões dos calabouços…
Sua Majestade desceu rapidamente, como se pisasse os tapetes das marmóreas escadarias dos régios paços. À sua chegada uns presos petrificaram, outros ajoelharam, e alguns, voz em grita, pediam a liberdade…
… Passou Sua Majestade à enfermaria dos presos, e à das presas, em seguida. Na extrema desta há uma porta que se abre para o quarto de uma senhora, que ali estava presa.
- Que é ali dentro?
- Saberá Vossa Majestade – disse o carcereiro – que é o quarto da senhora [D. Ana Plácido].
O rei entrou, e a senhora foi chamada do corredor aonde tinha a seu asilo de trabalho.
Com a senhora veio um menino nos braços de sua ama.
D. Pedro V cumprimentou a presa, perguntando-lhe o tempo de sua prisão. Reparou no menino, e acarinhou-o, perguntando-lhe o nome e a idade. A mãe respondeu pela criancinha, e o rei deteve-se a contemplar a infeliz. Ao lado do monarca compungido estava o marquês de Loulé, pensando, porventura, que naquele dia tinha de banquetear-se no palácio de ima irmã daquela encarcerada.
Saiu Sua Majestade e, ao descer as escadas, proferiu as palavras iniciais deste capítulo:
Isto precisa de ser completamente arrasado.