O historiador Luís Reis Torgal considera que a implantação da República em 1910 foi "apenas uma mudança de regime", não de "sistema político", como fez o 25 de Abril, defendendo a abolição do feriado do 5 de Outubro.
"O 5 de Outubro foi apenas uma mudança de regime, não de sistema político. Mudança de sistema político é sim, ou pretende ser, o 25 de Abril, porque passámos de um sistema ditatorial, autoritário, se não totalitário, para um regime democrático", disse o professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Reis Torgal sublinhou que a monarquia que caiu em 1910 já era constitucional, parlamentar: "Não se pode dizer que o 5 de Outubro terminou com a ditadura. Não vejo grande necessidade em manter o 5 de Outubro", insistiu.
Já "o 25 de Abril é verdadeiramente histórico. É o primeiro momento em que verdadeiramente se sai de um sistema ditatorial para um democrático", pelo que "de modo nenhum se deve eliminar" este feriado, acrescentou.
O mesmo acontece, para Reis Torgal, com o 10 de Junho, Dia de Portugal, Camões e das Comunidades.
"Ninguém liga ao 10 de Junho, mas devia. Defendo a necessidade de relançamento da identidade nacional, mais do que nunca. É verdade que tem associado um peso reaccionário, a ideia da raça, mas era importante reanimá-lo, estamos a perder a identidade nacional. Devíamos refazer o 10 de Junho republicano", considerou, explicando que este é um feriado que nasceu com a I República.
"Deve manter-se um dia que marque esta questão da identidade nacional frente à lógica em que vivemos hoje, em que perdemos cada vez mais o sentido da independência", insistiu, para acrescentar que porém basta um dia para isso e que o 1.º de Dezembro pode ser um dos feriados nacionais a eliminar.
"O 1.º de Dezembro, de alguma maneira, tem certa correspondência com o 10 de Junho. Mas como Dia da Independência [restaurada em 1640] já não diz nada. O que nos diz a independência em relação a Espanha?", questionou, em declarações à Lusa.
Fonte: Jornal de Notícias