O pretendente ao trono português, Duarte Pio de Bragança, defende que os políticos sejam responsabilizados por má gestão quando tenha havido má fé ou obtenção de benefícios e admite que a actual situação de Portugal deve ser alvo de análise.
«É preciso moralizar a classe política. Como em qualquer profissão ou actividade, os políticos devem ser responsabilizados», disse à Lusa Duarte Pio de Bragança.
«Não podem ser perdoadas as práticas de má gestão quando foram praticadas com má fé e para obter benefícios», sublinhou o chefe da casa real portuguesa, dando como exemplo «grandes fortunas que abençoaram inexplicavelmente famílias de alguns políticos».
Questionado sobre a possibilidade de ser aberto um inquérito parlamentar para apurar responsabilidades sobre a actual situação económica do país, como aconteceu na Irlanda, Duarte Pio admitiu ser necessário fazer uma análise.
«Quando uma situação corre mal, é necessário fazer uma análise para perceber o que aconteceu e para que não se repita no futuro. Esta situação não é diferente», concluiu.
A crise financeira já foi alvo de investigações em dois países europeus - Islândia e Irlanda - e nos Estados Unidos, sendo que o Reino Unido decidiu investigar também as respostas da própria Comissão Europeia à crise.
Desde o eclodir da crise financeira nos Estados Unidos, mais visível na segunda metade de 2008, a Islândia ficou à beira da bancarrota e Grécia, Irlanda e Portugal tiveram de pedir apoio financeiro a Bruxelas e ao Fundo Monetário Internacional.
No caso da Islândia, a comissão especial de investigação à crise levou a acusação do primeiro-ministro, do governador do Banco Central da Islândia, e de outros cinco responsáveis do governo islandês por falhas graves em prevenir o colapso do sector bancário.
Também acusados no mesmo relatório de «grandes» responsabilidade na crise da Islândia estão os bancos islandeses, em especial os três maiores - Glitnir, Kaupthing e Landsbanki - pelas práticas abusivas e o uso pessoal dos recursos dos bancos.
Na Irlanda, a investigação destacou a «mania especulativa nacional», centrada no mercado imobiliário, tendo sido apontado como os três grandes responsáveis os bancos por baixarem os padrões para emprestar, os auditores externos por não detectarem os problemas acumulados nos bancos e autoridades públicas por conhecerem os problemas e as estratégias arriscadas e por não fazerem nada para o impedir.
A Comissão Europeia criou também uma comissão especial para avaliar a dimensão da crise, o impacto na União Europeia e nos Estados-membros, e propor medidas para os diversos sectores da economia e de política.
Em outros países, têm sido abertos alguns inquéritos separados para investigar matérias específicas, caso da Grécia com os inquéritos ao Citigroup e de Portugal às agências de «rating», na sequência de uma queixa apresentada por particulares.
Fonte: TVI 24