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Manuel Beninger

segunda-feira, 19 de março de 2012

Palavras leva-as o vento: O Pai , por Carlos Aguiar Gomes

Às vezes, para não dizer com imensa frequência, as palavras ditas voam e perdem-se rapidamente. E é pena. Se forem escritas, a probabilidade de ficarem é muito maior. Por isso, a escrita tem enormes vantagens sobre a palavra dita, não se opondo, contudo.
Por que o vento (ou os ventos?) que andam por aí a soprar, não só as palavras se podem perder, se podem cruzar baralhando-se, como corrermos sério risco de o próprio sentido daquelas se esvaziar ou confundir. Assim, e por isso, decidi dar a esta minha colaboração, o título que já se leu: «Palavras leva-as o vento…»
… E para começar, irei contribuir para “assentar” algum conceito que anda p`rá aí um pouco perdido. Falo do que é ser Pai, até porque se avizinha o “Dia do Pai” que irá ser celebrado com muito ruído e, talvez, pouco conteúdo. E sem conteúdo a palavra (as palavras) têm sentido? Se há o livre arbítrio para lhe darmos o sentido que cada um quer, gera-se a confusão e perdemos a clareza na comunicação.
Não vou à etimologia da palavra Pai. Todos sabemos de onde vem e como evoluiu do latim para o português, deixando pelo meio a palavra padre (presbítero).
Pai, pela natureza das coisas, da biologia essencialmente, é o Homem (macho) que colabora com a Mulher (fêmea) para a geração de um novo ser, o filho (não entro nestas “coisa” idiota ao máximo de dizer ou escrever o/a filho/filha!...). Portanto, o primeiro atributo é o ser co-autor, co-gerador, de um novo ser humano. Daqui derivam os outros atributos: acolher, educar, amar, preparar para o futuro o seu filho, “seu” que não significa proprietário, dono. Simples, apesar de muito especial e responsabilizante, tutor, orientador do hoje-do-filho para o futuro-do-filho.
Porque é co-gerador e especial orientador e ordenador do filho, para a adultez, o Pai (com a Mãe) é uma “peça” fundamental na Família para a educação dos filhos. Cada Pai é Pai porque tem filhos e, logicamente, que não há Pai sem filho (s) . Desde o momento da concepção, em que o seu contributo, mínimo em tamanho mas enorme em consequência, vincula de tal modo o novo ser que este jamais se pode desfazer desse património paterno (e materno igualmente). Não se é Pai às vezes ou Pai só quando se quer ou pai a termo. É- se Pai para a eternidade. Todos temos a experiência própria ou próxima de Pais que já morreram e nunca se ouviu, ouve ou ouvirá alguém dizer o “meu ex-Pai”. Até nas situações de abandono, negligência, maus tratos ou outras que ferem a dignidade do seu pai, este permanece Pai, ainda que, para salvaguardar a integridade e dignidade do(s) filho(s) àquele tenha que ser retirado o exercício do serviço paternal e entregá-lo a quem o possa exercer. Por isso  se criaram expressões como “Pai adoptivo”. Precisamos de qualificar este ministério já que ele, assim, não é, pelo direito natural, o normal. Um Pai é Pai sem mais adjectivos. E chega para percebermos totalmente o alcance da palavra e do conceito. Infelizmente, assistimos a uma guerra contra a própria natureza a que não podemos nem devemos ficar indiferentes. E o Pai é um Homem, um ser que precisa de uma Mulher, a Mãe, para a procriação. Por isso, não pode haver, a Biologia nega-o, dois pais ou duas mães, como geradores de uma criança. E se é assim (só a ignorância admite o contrário), a educação dos filhos não deverá dispensar a presença do Pai e da Mãe, ainda que não cohabitem e vivam numa relação conflituosa.
No dia do Pai, que os ventos que sopram não destruam o que cada Pai é, deve ser e deve querer ser. 

1 comentário:

  1. Belo artigo. No entanto devo dizer que, um Pai mesmo que já não esteja entre nós, sempre será o noso Pai e a sua presença etará sempre viva. São as fotos que temos espalhadas pela casa, objectos que lhe pertenceram e fazem parte do nosso espólio, enfim até palavras que repetimos recordando os seus ditos, nos fazem sentir perpetuamente o calor, o jeito, o carinho e o amor do nosso Pai, de quem somos uma parte que continua vivendo connosco.
    Homenageio-te Pai neste dia, embora já tenhas partido há muitos anos, continuo a sentir a tua presença e não esqueço o teu Amor.

    Edite Cecília

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