Nota Histórico-Artistica
Na Baixa Idade Média, Colares foi uma das mais importantes povoações do
termo de Sintra e aquela que se localizava mais a Ocidente. Recebeu foral de D. Afonso III em 1255,
pouco depois daquele monarca ter instalado a corte em Lisboa. Posteriormente,
em 1385, a vila foi doada por D. João I a D. Nuno Álvares Pereira, condestável
do rei e figura da máxima importância no contexto político-militar da nova
ordem nacional saída da revolução de 1383-85 e consequente mudança dinástica.
Nos inícios do século XVI, a povoação já se encontrava na posse da coroa
e foi nessa condição que D. Manuel
I lhe concedeu foral novo, datado de 1516. Foi a partir desse acto refundador
da autonomia administrativa de Colares que se edificou o actual pelourinho, ele
próprio o símbolo monumental dessa mesma autonomia concelhia. A escolha
pela sua localização não foi alheia a critérios simbólicos muito específicos,
na medida em que se optou pela principal praça da vila, onde se desenvolviam as
principais actividades comerciais do burgo e onde certamente se implantava o
antigo edifício da Câmara, à sombra do castelo.
A estrutura e soluções decorativas do pelourinho confirmam a cronologia
manuelina do conjunto. Ele encontra-se em posição elevada sobre a via pública,
graças a uma plataforma octogonal de três degraus, parcialmente embebidos no
solo. A base é prismática, tão ao gosto da época, decorada com três linhas
horizontais de moldura, entrecruzadas por outros elementos verticais que
asseguram uma ocupação homogénea do suporte. O fuste é cilíndrico e dotado de
anel central que secciona este elemento em duas partes iguais. Mais uma vez, a
tendência para o "horror ao vazio" decorativo materializa-se na
superfície constantemente ocupada por motivos ornamentais, neste caso uma série
contínua de linhas espiraladas intercaladas com rosetas. O coroamento da
estrutura é feito através de um capitel octogonal desprovido de qualquer
decoração, onde se apoiam quatro cogulhos de folhas de acanto e, superiormente,
uma terminação piramidal em forma de cone espiralado.
A extrema semelhança deste pelourinho para com outros da zona de Lisboa
(Azambuja, Vila Franca de Xira e Alverca), assim como de diversas regiões do
país (NOÉ, 1990 e MARQUES, 2001, DGEMN, on-line), permite sugerir que ele se
tenha ficado a dever a uma oficina de escultores e de canteiros especificamente
vocacionados para a construção de pelourinhos manuelinos, ao abrigo da ampla
reforma administrativa realizada por D. Manuel nas primeiras décadas do século
XVI.
Durante os séculos seguintes, não consta que se tenham realizado
substanciais modificações no monumento. Mesmo com a perda do estatuto
municipal, Colares soube conservar o antigo símbolo da sua autonomia. Em 1951,
todavia, encontrava-se em muito mau estado e ameaçava ruir, devido à abertura
de profundas fendas causadas pela oxidação dos elementos de ferro. O restauro
ficou a cargo da DGEMN que, no ano seguinte, deu início aos trabalhos.
Substituíram-se, então, todas as peças de cantaria que denotavam intenso desgaste
e retiraram-se os chumbadores de ferro para, em seu lugar, se colocarem
elementos de latão. Mais recentemente, em 1997, o pelourinho foi alvo de uma
segunda intervenção de restauro, a cargo da Escola Superior de Restauro de
Sintra. O processo privilegiou uma limpeza a seco e a remoção de antigas massas
e cimentos inadequados.
Classificado como MN - Monumento Nacional
Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Colares é lindo :D:D:D:D:D:D
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