1999, no final do século passado. Timor vai-se matando, mais guerrilha,
mais indonésios. O Mundo desperta e toma uma atitude. Por cá, à distância de
quatro anos do Europeu de futebol, as varandas cobrem-se não de
rubro-verde mas de lençois brancos. Quiçá bastantes para enxugar os
remorsos, perdão, o patriotismo daRepública Portuguesa (parafraseando a
sacrossanta Constituição do actual Regime).
2012, de acordo com a imprensa escrita. O Presidente deste nosso
desastre, Cavaco Silva, desloca-se ao estado soberano de Timor-Leste e sorri.
Taur Matan Ruak - quem será, para o comum dos mortais? - sorri também. Há
vénias e uma pergunta no ar (sempre conforme os jornais): «Neste momento qual é
o país que precisa mais de ajuda do outro?»... Asiaticamente, a substância
daquele estranho enigma mantém o sorriso - «deixa uma porta aberta à
possibilidade de os timorenses ajudarem os portugueses» - e é Cavaco que
termina não negando a valia desse auxílio, caso seja «um bom negócio para
eles». "Eles" são os presididos pelo tão indecifrável
designativo.
1987, retrocedendo no tempo. O Duque de Bragança, o Chefe da Casa
Real de Portugal, apela e encabeça uma campanha visando a ajuda aos
desgraçados provenientes dessa longínqua latitude e arrumados às três
pancadas no Vale do Jamor. Para que não lhes faltem nem os cobertores nem a
comida.
Que mais acrescentar? Talvez apenas - viva o Rei! Vale o mesmo (já
agora) - viva Portugal!
(Antecipando, é claro, a resposta aos costumes na seguinte forma:
perguntem a Timor e aos timorenses...).
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