Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

sexta-feira, 18 de maio de 2012

DESEMPREGO, OU (DES)TRABALHO


Com a notícia que o desemprego em Portugal, atingiu, segundo números oficiais os 14,9%, e que possivelmente este número pecará largamente por defeito, caberá colocar uma simples questão:
- Teremos desemprego, ou (des)trabalho?
A resposta não é fácil, mas estou convicto que carecemos de ambas as situações, por razões diferentes.
- Então, qual será a de mais fácil e urgente resolução, em face do actual momento de crise?
Se tivermos por princípio, que a falta de trabalho, socialmente considerado como tal, é desemprego - então, como poderemos readaptar o conceito?
Se este facto, é uma realidade que a nossa sociedade tem que contar, nomeadamente com uma tendência de agravamento, não poderemos inverter o paradigma?
Será difícil, questiono eu, reequacionar o binómio e aumentar o trabalho de forma a diminuir o desemprego?
Nós, portugueses temos uma peculiar adversidade ao trabalho, contudo, sempre temos sido uns "moiros" de trabalho, embora sempre tenhamos tido a concepção que o não trabalhar é sinal de nobreza, segundo a análise de Eduardo Lourenço, na sua obra "O Labirinto da Saudade". Daí expressões como "se o trabalho dá saúde que trabalhem os doentes"; pouco trabalho que "o trabalho faz calos", etc.
No entanto, este paradigma, talvez em face do momento difícel em que vivemos, está ultrapassado e antiquado, portanto, trabalho não é a mesma coisa que o esforço fisíco ou dispêndio de energia. O que constitui ou não trabalho é definido socialmente; não é uma qualidade inerente a qualquer acto particular.
O trabalho que uma pessoa faz é importante também noutros sentidos, principalmente o que lhe dá identidade e uma saudável integração dentro da sociedade, embora, o trabalho socialmente considerado, vai diminuindo progressivamente.
Como alterar esta questão e acrescentar ao actual estado de coisas, um vector de felicidade perante a existência de trabalho?
Não tenho dúvidas algumas que trabalho existe em Portugal, e muito, o que não existe é emprego.
Existirá estatítica para este facto?
Se trabalhar criar emprego, qual é o problema?
Poderemos pelos menos, por este caminho, encarar com alguma esperança, a diminuição do actual e incrível número "oficioso" do desemprego e potenciar a economia em Portugal?
Concluo, com Bertrand Russel: A Conquista da Felicidade.

"É difícil determinar se o trabalho deve ser colocado entre as causas da felicidade ou da infelicidade. É certo que há muitos trabalhos extraordinariamente aborrecidos e que o trabalho excessivo é sempre penoso. Penso, no entanto, que se não for excessivo, mesmo o trabalho mais monótono é para muitas pessoas preferível à ociosidade".


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