Com a
notícia que o desemprego em Portugal, atingiu, segundo números oficiais os
14,9%, e que possivelmente este número pecará largamente por defeito, caberá
colocar uma simples questão:
- Teremos
desemprego, ou (des)trabalho?
A
resposta não é fácil, mas estou convicto que carecemos de ambas as situações,
por razões diferentes.
- Então,
qual será a de mais fácil e urgente resolução, em face do actual momento de
crise?
Se
tivermos por princípio, que a falta de trabalho, socialmente considerado como
tal, é desemprego - então, como poderemos readaptar o conceito?
Se este
facto, é uma realidade que a nossa sociedade tem que contar, nomeadamente com
uma tendência de agravamento, não poderemos inverter o paradigma?
Será
difícil, questiono eu, reequacionar o binómio e aumentar o trabalho de forma a
diminuir o desemprego?
Nós,
portugueses temos uma peculiar adversidade ao trabalho, contudo, sempre temos
sido uns "moiros" de trabalho, embora sempre tenhamos tido a
concepção que o não trabalhar é sinal de nobreza, segundo a análise de Eduardo
Lourenço, na sua obra "O Labirinto da Saudade". Daí expressões como
"se o trabalho dá saúde que trabalhem os doentes"; pouco trabalho que
"o trabalho faz calos", etc.
No
entanto, este paradigma, talvez em face do momento difícel em que vivemos, está
ultrapassado e antiquado, portanto, trabalho não é a mesma coisa que o esforço
fisíco ou dispêndio de energia. O que constitui ou não trabalho é definido
socialmente; não é uma qualidade inerente a qualquer acto particular.
O
trabalho que uma pessoa faz é importante também noutros sentidos,
principalmente o que lhe dá identidade e uma saudável integração dentro da
sociedade, embora, o trabalho socialmente considerado, vai diminuindo
progressivamente.
Como
alterar esta questão e acrescentar ao actual estado de coisas, um vector de
felicidade perante a existência de trabalho?
Não tenho
dúvidas algumas que trabalho existe em Portugal, e muito, o que não existe é
emprego.
Existirá
estatítica para este facto?
Se
trabalhar criar emprego, qual é o problema?
Poderemos
pelos menos, por este caminho, encarar com alguma esperança, a diminuição do
actual e incrível número "oficioso" do desemprego e potenciar a
economia em Portugal?
Concluo,
com Bertrand Russel: A Conquista da Felicidade.
"É
difícil determinar se o trabalho deve ser colocado entre as causas da
felicidade ou da infelicidade. É certo que há muitos trabalhos
extraordinariamente aborrecidos e que o trabalho excessivo é sempre penoso.
Penso, no entanto, que se não for excessivo, mesmo o trabalho mais monótono é
para muitas pessoas preferível à ociosidade".
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