A França está em ebulição por causa de um projecto de
lei que Holland pretende ver vingado: o “casamento” entre pessoas do mesmo
sexo.
No Domingo passado, dia 13 de Janeiro, mais de um
milhão de cidadãos desfilaram pelas ruas da capital francesa, para mostrar a
sua indignação contra a possibilidade de tal lei se vier a concretizar.
Desfilaram famílias inteiras. Protestaram muçulmanos e judeus Cristãos de várias tendências. Muitas
centenas de católicos, leigos e presbíteros e até Bispos.
Desde há meses que a maioria dos Bispos franceses, a
começar pelo Cardeal de Paris, tomaram posição. Clara. Sem subterfúgios.
Alertando a sociedade para o que tal proposta poderá significar em termos
sociais e culturais, pela negação do funcionamento da própria natureza.
O Grande Rabino de França também tomou posição clara
e de forte oposição.
Centenas de eleitos, de cidadãos e de movimentos
também assumiram a sua oposição.
A França mexeu. Indignada.
Mais de um milhão de cidadãos a protestar ( tal
número não se via na rua há mais de
trinta anos!) e tal manifestação não mereceu qualquer destaque nos media
portugueses! Mas a manifestação existiu e foi grandiosa!
Pela primeira vez, desde há muitas décadas, os Bispos
franceses tomaram posição individualmente, não se deixando diluir numa qualquer
posição anódina da Conferência Episcopal! Cada um quis, explicitamente, chamar
os seus diocesanos à acção. Deu força esta atitude.
… E eu penso como, entre nós, se reagiu!...
Não defendo, obviamente, a guerra contra ninguém. Nem
contra as suas opções individuais. Defendo e defenderei, sem descanso o
funcionamento da natureza. Também no casamento.
“ A família, fundada pela união mais ou menos
durável, mas socialmente aprovada, de dois indivíduos de sexos diferentes que
fundam um casal, procriam e educam os filhos, aparece como um fenómeno
praticamente universal, presente em todas as sociedades” ( Claide Lévi-Strauss,”
Les stuctures élémentaires de la parenté,1948,p. 133). De facto, “ a sociedade
não inventou “ex nihilo” a família, na realidade é-lhe anterior” ( Academia
Católica Francesa).
Infelizmente, a nossa comunicação social sempre tão
solícita a informar-nos de manifestações de minorias e de activistas das
chamadas causas fracturantes”, calou esta grande manifestação que, como já
referi, juntou mais de um milhão de cidadãos franceses que querem o respeito da
natureza humana na fundação da família. O meu protesto de nada serve. Porém, o
meu silêncio seria cúmplice ( diz o povo que ”quem cala, consente”) e, por
isso, aqui fica o meu protesto. Um protesto de um cidadão, atento ao mundo em
que vive. Um protesto, também, de um cristão que sente a obrigação de não se calar.
De facto, o silêncio, o meu, seria mais cómodo. Mas a minha consciência cristã
impele-me a não me calar. Enfim, dou graças a Deus por ser cristão, ainda que
seja, muitas vezes, uma grande chatice ser cristão, pois tal condição obriga-me
a não me calar face aos atropelos que atentam contra a dignidade da Pessoa
Humana e dos valores não negociáveis, tal como a constituição da família.
Carlos Aguiar Gomes
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