Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

sábado, 10 de abril de 1993

Jornal Público: Todos contra Mesquita Machado

Da direita à esquerda, têm todos duas coisas em comum: são cidadãos de Braga e querem derrubar um dos presidentes de Câmara que mais vezes têm sido reeleitos em Portugal - o socialista Mesquita Machado. Uma parte formou o Movimento Arco-Íris e discute agora as formas de disputar o poder autárquico na Cidade dos Arcebispos. Para Mesquita Machado, só comprovam "a incapacidade dos outros partidos para apresentarem uma alternativa ao PS".


"Dezassete anos de poder pessoal e autocrático na Câmara Municipal de Braga conduziram a uma situação de acentuado défice democrático no município". Foi com estas palavras que um grupo de cidadãos começou por se dar a conhecer à população de Braga, no início do passado mês de Fevereiro.

Fê-lo através de um comunicado distribuído na cidade e divulgado nos jornais locais. Em linguagem muito crítica, fazia-se a sinopse da gestão de Mesquita Machado. Denunciava-se um poderoso "lobby" dos construtores civis junto do presidente socialista, o crescimento sem qualidade, a inexistência de políticas educativa e cultural e a instrumentalização do clube local para auto-promoção do presidente da Câmara. Acusava-se o presidente de ter destruído a oposição do PSD, "enredada em cumplicidades subterrâneas com o poder socialista" e apelava-se à participação dos cidadãos numa reunião, para "reflexão sobre modalidades de intervenção política na sociedade civil nas próximas eleições autárquicas". "Traz outro amigo também" era o mote.

Ainda antes deste apelo público, o dirigente monárquico Manuel Beninger tinha já assinado artigos de opinião, em alguns jornais, propondo uma união de esforços entre as várias forças políticas como única solução para pôr fim aos 17 anos de mandato de Mesquita Machado.

Manuel Beninger, do PPM, acredita que é ainda possível um consenso que una os partidos e independentes contra Mesquita Machado. "Pela primeira vez, a oposição está a afirmar-se como alternativa credível ao presidente da Câmara". Optimista, o jovem dirigente monárquico crê que o PSD será, provavelmente, o partido que mais terá de ceder "para articular esta grande frente". E está convencido, ainda, de que os independentes do Arco-Íris aceitarão que a solução passa pelos grandes partidos, ainda que sem a CDU, "que se auto-excluiu".