Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

sexta-feira, 2 de março de 2007

Assembleia Municipal - Plenário: Carta Educativa do Concelho de Braga 2006

ORDEM DE TRABALHO
PONTO Nº 2 - A Carta Educativa do Concelho de Braga 2006

Como documento elaborado pela vereação da Educação da Câmara Municipal de Braga, a “Carta Educativa do Concelho de Braga 2006” é exemplo de um bom trabalho de recolha de informação e principalmente de boa apresentação. Esforço esse que merece ser elogiado. No entanto, o P.P.M. não pode “deixar passar em branco” alguns pormenores importantes, principalmente um “pequeno grande lapso” detectado de grande importância para a qualidade educativa deste Concelho.
Ora vejamos, na página 49 da Carta Educativa é apresentado o ponto sobre a Higiene, Segurança e Saúde nas escolas. Esta avaliação da Qualidade das Escolas do Concelho nestes parâmetros, foi concretizada, através de um inquérito a 47 escolas e descrita em não mais, do que meia página, das cerca de 700 no total do documento.
Será que esta escassez do conteúdo é porque não se quer dar importância ao assunto?
Segundo este inquérito, as escolas que tem menos alunos, cerca de 50 alunos, são as que estão classificadas como melhores relativamente a estes três parâmetros.
Mas, melhores em quê?
Fica-nos a dúvida em que elementos de comparação se baseiam.
Continuando:
Vinte e seis destas escolas consideram o edifício e o recinto escolar razoáveis.
Muito bem. Mas, razoáveis em quê?
A nível de instalações, de condições sanitárias, de refeitório, de parque de jogos??? Ficamos sem resposta.
Quanto ao meio envolvente as 47 escolas consideram-no bom.
Mas, bom em quê?
A nível de segurança, em passadeiras para peões, na zona verde envolvente???
De facto, objectivamente, não se consegue encontrar algum rigor neste texto pois as matérias descritas não têm base de comparação. Parecem conclusões aleatórias que, a bom senso “foram para ali despejados”.
Nesta sequência é que surge o “pequeno grande lapso” da Carta Educativa.
Quais são as reais condições sanitárias das escolas deste concelho?
Porque é que não se fez esta grande pergunta???
Basta qualquer cidadão comum se deslocar a uma escola, aleatoriamente, para verificar que as condições não são más, mas sim péssimas. Desde a limpeza, à falta de papel higiénico, à falta de produtos de limpeza para as mãos, às portas que se encontram arrombadas, à falta de um funcionário de controlo deste espaço, etc., etc., etc.

Continuamos fiéis aos princípios do P.P.M.: fazer oposição, não é a doentia perversão do “bota-abaixo”, mas sim auxiliar quem detém o poder; fazer oposição é contrastar projectos e decisões com os seus adversários para a concepção e o desenvolvimento duma sociedade.
Neste sentido, o que o P.P.M. propõem à Câmara Municipal de Braga é o dever de melhorar a qualidade das condições sanitárias nos recintos escolares, devendo para isso, fazer uma avaliação mais sistematizada, por técnicos especialistas da área da Higiene, da Segurança e da Saúde, a todas as escolas do Concelho.
Compreende-se que se está a lidar com crianças, e que a criança tem uma forma diferente de lidar com estes espaços (entenda-se casas de banho) em relação a um adulto, diríamos menos cuidada, no entanto, isso não pode ser justificativo para que sejamos menos exigentes.
É um dever da escola e da sociedade a educação para a Higiene e para a Saúde, não sendo possível a mesma ser efectiva quando as condições básicas não são cumpridas.
A criança vai para a sala de aula e aprende a formar palavras e a ler, aprende números, aprende a conhecer os nossos poetas, aprende a interagir com o ciberespaço, aprende os filósofos como Sócrates. Mas quando está aflita e sai da sala de aula porque tem que fazer um “xixi”, depara-se com condições sanitárias semelhantes às épocas medievais.

Tenhamos um pouco de bom senso para ultrapassar as boas intenções do papel. Façamos realizações efectivas no terreno.
Uma árvore só tem uma boa rama e uma boa copa quando as suas raízes são fortes e pujantes.

Apesar de tudo isto, o P.P.M. votará a favor desta Carta Educativa, mas com a ressalva de que este documento carece de mais trabalho de coordenação e de interligação e de uma maior base de sustentabilidade.

Tenho dito.

Manuel Beninger
Grupo Municipal do P.P.M. na Assembleia Municipal de Braga