Jornal Diário do Minho
AGRICULTURA MINHOTA: UM SILÊNCIO PODRE
AGRICULTURA MINHOTA: UM SILÊNCIO PODRE
As maravilhas da adesão europeia são mais frutuosas para uns portugueses que para outros.
Já assim era, antes da submissão nacional ao Tratado de Maastricht, mas agora torna-se mais evidente sobretudo com a crise instalada.
Já assim era, antes da submissão nacional ao Tratado de Maastricht, mas agora torna-se mais evidente sobretudo com a crise instalada.
O coro de desânimo dos agricultores, sejam novos, velhos ou de meia-idade, tenham a escolaridade mínima ou o curso superior, sejam do norte, do centro ou do sul, é indesmentivelmente unânime.
Na nossa região, já ninguém acredita no futuro agrícola deste minifúndio que, por muitos séculos, foi uma estrutura fundiária que alimentou mais de um terço da população nacional.
Reconhece o agricultor que, pese embora uma minoria de dirigentes e leaders tenham à sombra da Comunidade Europeia conhecido novos mundos e situações de desafogo económico, 99,99% deles tem por futuro a falência, retardada por esmolas que, eufemísticamente, se chamam ajudas comunitárias.
Acreditaram nos políticos, investiram o que tinham e o que lhes emprestaram, e em poucos anos, multiplicaram as produções de vinho, leite, batata, milho, carne, fruta, etc, etc.
Como prémio à pronta resposta dos nossos governantes, que o país necessitava de produzir mais e melhor, é-lhes oferecida a garantia de a curto prazo estarem falidos!!!
Há excesso de leite, o vinho não tem comprador, a carne é paga por valores de miséria, a fruta apodrece nos frigoríficos!
Há planos para acorrer à crise da indústria dos sapatos, do vestuário e dos automóveis, para criar mercados abastecedores, de provavelmente produtos importados, mas para resolver o problema agrícola, de facto, não existe planos credíveis.
Vícios antigos levam os dirigentes regionais da agricultura a auscultarem sempre as mesmas personagens, os mesmos dirigentes cooperativos, os mesmos técnicos, como que para terem a certeza que tudo corre melhor.
Os grandes partidos políticos desgastam-se atirando insultos uns sobre os outros, como se algum deles tivesse a panaceia para o mundo rural. Infelizmente, todos eles estão apenas interessados em vender promessas e colher votos.O silêncio podre que se vive no mundo rural minhoto prenuncia o desânimo que acontece o desmoronar de uma actividade.
Manuel Beninger
Deputado Municipal do PPM
na Assembleia Municipal de Braga