Uma recomendação sobre a pobreza, apresentada pelo deputado do PPM Manuel Beninger, foi o primeiro ponto a aquecer o debate da primeira reunião da Assembleia Municipal de Braga após a instalação deste órgão. O texto recomendava a "criação de uma Comissão pela Assembleia Municipal, para o estabelecimento de parcerias com as diferentes entidades - Banco Alimentar, Misericórdias, Cruz Vermelha e a Igreja, entre outras - para o estabelecimento de um plano de actuação", o que o PSD aplaudiu, mas o PS considerou a iniciativa "precipitada".
Pela voz de João Granja, o PSD fez questão de sublinhar que a proposta "é em tudo idêntica a outra, que havia sido apresentada em Dezembro de 2008, e que foi aprovada por unanimidade", pelo que entende que, agora, "há ainda mais razões para que a proposta seja aprovada, esperando que o PS não acabe por enrolar o assunto, como o fez no mandato anterior".
Na resposta, o líder da bancada socialista, Marcelino Pires, notou que os propósitos da recomendação "merecem todo o apoio dos socialistas", mas frisou que lhe parece "precipitado criar uma comissão eventual, quando ainda não estão definidas as comissões permanentes da Assembleia". Granja insistiu, acusando os socialistas de "escudarem-se em questões formais, para esconderem as questões sociais, a pobreza e o desemprego que atingem muitos bracarenses".
Marcelino Pires lembrou que "o município é parceiro e participa em muitas outras estruturas sociais do concelho", mas reforçou a oposição à votação do assunto nesta Assembleia, enquanto o bloquista António Lima defendeu que "é à Câmara que compete dirigir o combate contra a pobreza".
A recomendação apresentada por Beninger lembrava aos deputados que 18 por cento da população é pobre, que 80 por cento das pessoas que recorrem aos centros Porta Amiga estão em situação de desemprego, que a pobreza envergonhada é um problema crescente e que a recuperação económica não terá repercursões imediatas nestas famílias. São estes problemas que fizeram também a União Europeia dedicar o ano de 2010 ao combate à pobreza e exclusão social.
Face a esta situação, a recomendação defendia que a Câmara Municipal de Braga, juntamente com diversas instituições, deve ter em conta esta situação com apreensão social e moral, de forma a amenizar as dificuldades de vida de todos aqueles que sofrem com a actual crise económica e que vai muito para além dos conhecidos "sem abrigo".
A discussão do assunto acabou resolvida com a mediação do presidente da Assembleia Municipal António Braga que, considerando a pertinência do tema, propôs que esta baixasse à Comissão de Assuntos Sociais, para não se perder o seu conteúdo, podendo ser debatida numa próxima reunião.