Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

sábado, 17 de setembro de 2011

Penteando a Memória

Esta coluna tem por finalidade apresentar, em cada apontamento, uma ou mais fotografias da ilha Terceira com o correspondente enquadramento histórico. Será, de certo modo, uma forma de irmos penteando a memória, recebendo ou refrescando informação que se havia diluído no tempo.

A rubrica inicia-se com um tema de grande valor simbólico, por representar o ex-libris de Angra.

A Memória foi o primeiro monumento erguido em Portugal para homenagear D. Pedro IV, o monarca que se deslocou aos Açores, em 1832, para liderar as tropas que lutavam pela implantação do regime liberal.

A ideia de erguer-lhe um monumento foi decidida em 1835, mas contratempos vários foram adiando o projecto. Só no dia 3 de Março de 1845, data do aniversário da chegada de D. Pedro à ilha, decorreu a cerimónia do lançamento da primeira pedra.

Uma cerimónia de grande pompa que movimentou todas as autoridades da ilha. Um cortejo saído da Câmara Municipal subiu a Rua da Sé, passando pela Rua do Rego em direcção à Miragaia para terminar no largo do antigo Castelo dos Moinhos.

A pedra que serviu de alicerce foi simbolicamente escolhida como sendo a primeira que D. Pedro havia pisado ao desembarcar; junto com ela foi colocado um cofre com vários objectos relacionados com as lutas liberais. Teotónio Bruges, o herói terceirense deste período, assumiu um papel de relevo em toda a cerimónia.

Com os donativos que foram sendo recolhidos, a pirâmide ficou concluída em 1856. Após uma pausa nas obras, os trabalhos de ordenamento do espaço circundante iniciaram-se em 1862, desconhecendo-se a data em que foram concluídos. O lado do quadrado da base da pirâmide tem 6,82 m e a altura atinge os 21,76 m.

A 6 de Fevereiro de 1912, um raio danificou o monumento, como se pode constatar pela foto; danos maiores foram provocados pelo sismo de 1980, mas no dia 25 de Abril de 1985, já estava recuperada e com ela a evocação dos feitos dos Bravos de Mindelo que abriram as portas do Portugal Moderno.

Carlos Enes


Fonte: A União