Manuel Beninger defende maior afastamento do Estado da economia
Líder dos monárquicos de Braga conduzido à direcção nacional
O líder do Partido Popular Monárquico (PPM) no concelho de Braga foi eleito para a vice-presidência nacional. Manuel Beninger, que desempenha o lugar de deputado na Assembleia Municipal de Braga, foi conduzido ao cargo no congresso nacional do PPM, que confirmou o nome de Paulo Estêvão como presidente do partido.
A subida do monárquico bracarense à direcção nacional ficou marcada pela aprovação de uma moção regionalista que Beninger fez aprovar naquele que foi o XXIII congresso nacional e na qual defendeu que o direito do regresso do país à monarquia passe a ser contemplado na Constituição da República Portuguesa.
Em declarações ao Diário do Minho, Manuel Beninger alega que «não faz sentido que o actual quadro constitucional seja impeditivo quanto à possibilidade da restauração monárquica». Acrescenta o dirigente monárquico que «a democracia não se realiza, coarctando aos portugueses a liberdade de opção quanto à forma de governo que preferem».
A moção sectorial com que o novo vice-presidente do PPM preconiza um “Portugal para além das ideologias” diverge do Governo, no que concerne às medidas para retirar o país da crise e propõe a regionalização como uma oportunidade para promover o desenvolvimento nacional.
«São importantes algumas estratégias que mudem o actual período de estagnação que vivemos, onde as receitas em que se insistem para nos tirar da crise são as mesmas que nos arrastaram para este quadro de dívida, de astenia estrutural e de cepticismo», vinca o autor da moção, que considera ser «imperioso» que o país pense a regionalização «não como uma oportunidade de confronto político, partidário e ideológico, mas como um factor de desenvolvimento sustentável».
Manuel Beninger atribui ao Partido Popular Monárquico a missão de «levantar bem alto» a bandeira da criação das regiões, ao mesmo tempo que defende um maior afastamento do Estado da economia. «O Estado deve reduzir o papel interveniente na actividade económica», lê-se na moção “Portugal para além das ideologias”, que precisa que a acção do Poder Central «deve limitar-se à criação do quadro legal onde actuam os agentes, à gestão do sector público e à fiscalização e reajustamento da iniciativa particular».
PPM defende reedição da AD
A moção que Manuel Beninger levou ao congresso nacional de domingo último coloca ainda a política agrícola no centro do debate político. Enfatizando a ideia de que a actividade agrícola nacional deve impor-se pela produtividade e pela qualidade, o monárquico bracarense deixa claro que esses desígnios apenas são alcançados pela «dignificação» dos trabalhadores rurais.
«A previsão de objectivos de rentabilidade agrícola exige o ordenamento do território, de modo a que as culturas e os solos sejam uma realidade única no equilíbrio social e ecológico das regiões», adverte a moção aprovada no congresso que elegeu os novos corpos dirigentes do PPM.
Para o presidente reeleito que encabeçou a lista única que se apresentou à liderança do Partido Popular Monárquico, o caminho para arrancar o país à crise económica em que mergulhou passa pela reedição de uma «alternativa democrática» à que marcou o final da década de setenta. Paulo Estêvão não escondeu que deseja ver o PPM a fazer parte de uma solução que passa também pelo PSD e pelo CDS. O caminho é a criação de «uma ampla coligação de centro-direita, que consiga reunir também vários sectores monárquicos».
«Na nossa perspectiva, a situação política que o país enfrenta exige a construção de uma alternativa política, de natureza partidária plural, no âmbito do espaço político da Aliança Democrática», vincou o líder do PPM, para quem a actual conjuntura política «não é muito diferente da que a AD enfrentou em 1979».
«Na época, foi necessário estabilizar a situação orçamental e recuperar o crescimento económico perante uma esquerda que ontem, como hoje, não consegue convergir para qualquer solução governativa viável», continua o presidente dos monárquicos, que apresenta o avanço para uma nova AD como «a única alternativa a José Sócrates, com capacidade para obter maioria parlamentar absoluta».
Paulo Estêvão faz notar que o PPM é um parceiro natural dessa coligação, não só porque «representa um espaço de afirmação no vasto sector monárquico do país», mas também porque «é um factor de equilíbrio e coesão interna no âmbito da coligação».