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Manuel Beninger

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Parcómetros ou parquímetros? Nem uma coisa nem outra!

Braga é conhecida pelo epíteto de “cidade dos três pês”, os quais são sobejamente conhecidos e portanto a respectiva citação torna-se escusada. O que pouca gente desconhece é a vontade de alguns em acrescentar um pê aos três tradicionais, porque da noite para o dia estão a transformar Braga na cidade dos parcómetros. Ou parquímetros?! Não se sabe ao certo qual o substantivo mais adequado para nomear estas execráveis maquinetas. Sabe-se somente que são umas vorazes comedoras de moedas e estão a crescer pelas ruas bracarenses como cogumelos depois da chuva.
O município é regido há mais de trinta décadas pela mesma família política. Ainda que legitimada por sucessivos sufrágios eleitorais, este tão longo apego ao poder não estabelece o patriarca da família como dono da cidade, e muito menos confere ao próprio ou ao seu séquito, o título de propriedade das ruas do burgo. A cidade e respectivas vias continuam e continuarão a ser dos bracarenses. Desenganem-se aqueles que têm agido como se fossem os donos da cidade promovendo “o caciquismo” típico da primeira república portuguesa.
Ao entregar a concessão do estacionamento de superfície aos seus privados, a família reinante está a outorgar o que não lhe pertence e por período de tempo para o qual não tem legitimidade decisória, porquanto o contrato de concessão é de 15 anos e renovável por outros tantos. Saiba-se que o mandato do regente actual termina no final deste ano e o mesmo não poderá candidatar-se a outro subsequente. Com efeito, a família reinante nomeou para a sucessão uma figura altiva e que já afirmou rever-se em quase tudo o que foi feito pelo regente anterior. Nomeadamente, na questão da expansão das máquinas devoradoras de moedas, ou no enterrar de 8,5 milhões de euros num cabouco que se supunha vir a ser uma piscina olímpica.
Mas é verdade que o município permitira a extensão a 99 ruas e não a 100, utilizando para tal a mesma habilidade psicológica do merceeiro que vende o bacalhau a 9,99 euros em vez de 10. Pior, as 99 foram reduzidas para 27 por questões meramente eleitoralistas e visando mitigar a crescente onda de descontentamento das populações. Não obstante, o cenário terrífico duma maquineta suga-moedas à porta da casa de cada bracarense é bem real.
A justificação de tentar com esta medida melhorar o trânsito e a mobilidade no centro da cidade é também altamente falaciosa. Primeiro, o plano de expansão das ditas-cujas maquinetas vai muito além do centro da cidade. Segundo, a cidade não dispõe de transportes públicos eficientes e suficientes para fazer os cidadãos preterirem a utilização da viatura própria.
Por conseguinte, à população assiste-lhe o direito de expressar livremente a indignação por este atentado aos direitos cívicos, das formas mais convenientes e de acordo com o ordeiro exercício da cidadania, mesmo correndo o risco de ver o material de contestação retirado pelo corpo municipal de bombeiros, que no tempo de Inverno lhe sombra tempo para acudir a este tipo de ocorrências.

Ele aí está, o primeiro parcómetro da nova era em plena Rua 25 de Abril! Pelo nome da rua, dá vontade de cantar "Braga, cidade morena!". E atentem bem na sua delimitação de segurança: ferros espetados, um deles à altura das crianças - que são muitas naquela zona escolar!
Foto de Rui Feio de Azevedo

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